Pioneirismo alargou fronteiras das igrejas, diz responsável da Federação Protestante Suíça
António Marujo, jornalista do religionline.blogspot.pt em serviço especial para a Agência ECCLESIA (o autor escreve segundo a anterior nota ortográfica)
Taizé, França, 21 ago 2015 (Ecclesia) – O patriarca ecuménico de Constantinopla (Igreja Ortodoxa), Bartolomeu, elogiou a “coragem espiritual” da vocação ecuménica do irmão Roger, fundador da Comunidade de Taizé (França), há 75 anos.
Já o o secretário-geral da Federação Luterana Mundial, Martin Junge, fala num “imenso presente” oferecido ao mundo, e o secretário-geral do Conselho Mundial de Igrejas, o pastor norueguês Olav Fykse-Tveit, refere que Taizé assinala uma busca espiritual e uma nova tradução do lema ‘ora et labora’ (reza e trabalha).
Com várias expressões, líderes de diferentes confissões religiosas destacaram a importância espiritual e ecuménica de Taizé, em mensagens onde expressam felicitações pelo triplo aniversário deste ano.
A comunidade ecuménica assinala em 2015 o centenário do nascimento do fundador e os dez anos da sua morte, a 16 de Agosto de 2005; esta quinta-feira, cumpriram-se os 75 anos da chegada, em 1940, do então jovem calvinista Roger Schutz a Taizé, data recordada na meditação do seu sucessor, o irmão Alois, na oração da noite.
Depois da mensagem do Papa, foram divulgadas também no sítio de Taizé na internet as mensagens de outros líderes cristãos.
O patriarca ortodoxo de Constantinopla refere no seu texto que a convergência das três datas marca “o destino indissolúvel entre a figura carismática” do irmão Roger “e a coragem espiritual que ele demonstrou”.
Bartolomeu acrescenta que o irmão Roger foi “promotor de um ecumenismo espiritual que se caracteriza por uma atenção particular aos jovens” e deixou a esperança como “testamento espiritual”, num “ecumenismo de vida” que procura ser fiel “à Escritura e aos padres da Igreja”.
O secretário-geral do Conselho Ecuménico das Igrejas (CEI), Olav Fykse Tveit, definiu Taizé como “uma busca espiritual” – uma pausa “na viagem de uma vida e um lugar de encontro com outros no caminho”.
O pastor norueguês esteve pessoalmente em Taizé, entre sábado e domingo, para os momentos especiais que assinalaram as três datas.
O secretário-geral do CEI destacou a influência que Taizé e o irmão Roger tiveram na sua espiritualidade pessoal e na “transformação do seu próprio itinerário de fé”.
Referiu a “atracção de uma vida de simplicidade e a experiência da oração” como um “testemunho extraordinário sobre a maneira como tantos jovens vivem uma nova expressão do lema cristão secular ‘ora et labora’, ‘reza e trabalha’”.
O secretário-geral do CEI, que reúne 350 igrejas protestantes e ortodoxas, recorda, na sua mensagem, a “peregrinação de confiança” proposta por Taizé. E diz que a peregrinação “pode definir o movimento ecuménico de hoje”, associando “as dimensões espirituais da oração e do culto com uma acção prática pela justiça e a paz”.
Martin Junge, secretário-geral da Federação Luterana Mundial, refere-se por sua vez à vida do irmão Roger como “um imenso presente dado ao mundo”.
A Comunidade de Taizé ignora as fronteiras humanas e “aspira a ser fiel a uma vida de alegria, simplicidade e misericórdia, guiada pelo Espírito Santo”.
Também Martin Hirzel, da Federação das Igrejas Protestantes Suíças, refere Taizé como uma experiência que abre as fronteiras das “igrejas e das diferentes confissões, dos países e dos sistemas políticos, das línguas e das gerações”.
O secretário-geral da Aliança Evangélica Mundial, Wilf Gasser, fala também da comunidade como “uma bênção”, que ajuda a alargar horizontes na fé cristã.
Na Suíça, recordou ainda Martin Hirzel, o exemplo do irmão Roger e dos primeiros irmãos de Taizé foram uma novidade para as igrejas reformadas.
“Foi preciso ultrapassar resistências”, acrescentou.
AM/OC