João Cabral conheceu o fundador da comunidade ecuménica, onde levou centenas de jovens da Diocese do Algarve

Faro, 14 ago 2025 (Ecclesia) – João Cabral desloca-se à comunidade ecuménica de Taizé desde os anos 80, quando conheceu o fundador, Irmão Roger, falecido há 20 anos, vítima de um atentado.
A 16 de agosto de 2005, o Irmão Roger, com 90 anos, foi assassinado por uma mulher com um desequilíbrio mental, durante um tempo de oração.
Primeiro prior da comunidade desde que a fundou em 1945 (há 80 anos), o Irmão Roger é para João Cabral um “visionário”, que deu início a um local considerado pelo Papa XXIII “uma primavera na Igreja”.
“O que me cativa é a simplicidade, a humildade, a aceitação das diferenças” afirma João Cabral para justificar o que o atrai na comunidade, onde encontra na “simplicidade e na alegria” a “fonte e a pureza do cristianismo”.

Situada na região francesa da Borgonha, a Comunidade de Taizé é composta por irmãos de diversas nacionalidades e diferentes identidades cristãs, e é enriquecida com a participação constante de jovens que ali acorrem de diversas partes do mundo para tomar parte na sua simplicidade de vida e oração.
João Cabral, advogado de profissão, nas últimas décadas, tem sido um ponto de ligação entre a Diocese do Algarve e a comunidade monástica francesa.
Nos finais da década de 80, o jovem da Diocese do Algarve deslocou-se pela primeira vez a Taizé, onde conheceu o Irmão Roger e, desde essa altura, a comunidade tornou-se num destino a que sente necessidade de regressar regularmente.
João Cabral destaca o papel do Irmão Roger no decurso do II Concílio do Vaticano onde, com o Irmão Max Thurian, seu braço direito na comunidade, acompanharam as sessões deste acontecimento que desenhava o futuro da Igreja católica.
“Acompanharam o Concílio e foram beber nele o fervor ecuménico e inter-religioso que depois colocaram em prática na comunidade”, afirma João Cabral, destacando a semana de diálogo e encontro que, há pouco tempo, reuniu muçulmanos e cristãos em Taizé, num gesto de diálogo e de paz.

João Cabral já “perdeu a conta” a quantas viagens fez a Taizé, mas garante que grande parte foram a acompanhar grupos de jovens da Diocese do Algarve, tendo viajado, numa delas, o bispo diocesano, D. Manuel Quintas.
João Cabral destaca os momentos do dia em que os jovens experimentam o ambiente de oração, pode ir pela noite até ao nascer do sol, catequeses com os irmãos ou atelieres sobre temas sociais.
“Quando os sinos de Taizé tocam, chegam os jovens, e chegam em grande número porque sentem que ali são acolhidos”, refere João Cabral, que reconhece que na nossa Igreja ainda falta “capacidade de escuta, de acolhimento e de integração da diferença”.
“É-nos ali apresentada a mesa do banquete, com uma apresentação fantástica e só nos é pedido que saboreemos… é o que os jovens fazem”
João Cabral partilha no programa Ecclesia emitido esta quinta-feira, na RTP2, pelas 15h00, as memórias da Comunidade de Taizé, nomeadamente da morte do seu fundador, o Irmão Roger, há 20 anos.
HM/PR