Num artigo relativo ao irmão Roger, o jornal «Le Monde» de 6 de Setembro de 2006 deu crédito e eco a afirmações de uma pequena folha de informação que distorce o seu percurso real e põe em causa a sua memória. Foi invocado um texto do Conselho Pontifício para a Unidade dos Cristãos, de Roma, para apoiar a tese de uma «conversão» do irmão Roger, precisamente quando tal texto não se refere a nada disso. E o bispo emérito de Autun, D. Séguy, já matizou as suas palavras; recusando o termo «conversão», declarou à AFP: «Eu não disse que o irmão Roger tinha renegado o protestantismo, mas que ele manifestou que aderia plenamente à fé católica.» De origem protestante, o irmão Roger consumou um percurso sem precedente desde a Reforma: entrar progressivamente numa plena comunhão com a fé da Igreja Católica sem uma «conversão» que implicasse uma ruptura com as suas origens. Em 1972, o bispo de Autun de então, D. Le Bourgeois, deu-lhe a comunhão pela primeira vez numa grande simplicidade, sem lhe exigir outra profissão de fé para além do Credo recitado durante a Eucaristia, que é comum a todos os cristãos. Várias testemunhas que estavam presentes podem confirmá-lo. Falar de «conversão» a este propósito é não compreender a originalidade daquilo que o irmão Roger procurou. Este percurso do irmão Roger nunca teve nada de secreto. Em 1980, durante o Encontro Europeu de Jovens em Roma, ele expressou-o publicamente nestes termos, na presença do Papa João Paulo II, na Basílica de S. Pedro: «Encontrei a minha própria identidade de cristão reconciliando em mim mesmo a fé das minhas origens com o mistério da fé católica, sem ruptura de comunhão com quem quer que seja.» O percurso do irmão Roger não foi compreendido por todos mas foi acolhido por muitos, pelo Papa João Paulo II, por bispos e teólogos católicos que vieram celebrar a Eucaristia a Taizé, e também por responsáveis das Igrejas Protestantes e Ortodoxas com os quais o irmão Roger construiu pacientemente uma confiança ao longo dos anos. Aqueles que querem a todo o custo que as confissões cristãs encontrem cada uma a sua identidade opondo-se às demais não podem seguramente compreender o percurso do irmão Roger. Ele era um homem de comunhão e é talvez isso que para alguns é difícil de compreender.