Cardeal-patriarca de Lisboa recordou primeiro contacto com a comunidade ecuménica que assinala 75 anos
António Marujo, jornalista do religionline.blogspot.pt, em serviço especial para a Agência ECCLESIA
Borgonha, França, 11 ago 2015 (Ecclesia) – O cardeal-patriarca de Lisboa considera que a comunidade monástica e ecuménica de Taizé é “um lugar profético para a Europa e para o mundo”.
Numa conferência de imprensa, em Taizé, na Borgonha (França), D. Manuel Clemente recordou as primeiras vezes que esteve na região, nas décadas de 1960-70, para sublinhar que “há uma continuidade profunda” entre o que viu nessa altura e o que se vê hoje.
Numa época, disse o responsável católico, em que os mais novos se afastavam muito das questões religiosas, “foi uma surpresa ver jovens como eu a rezar, em silêncio, com os monges”. E estes tinham tempo sobretudo para a escuta, “o que foi tocante”.
Já tinha sido assim após a II Guerra Mundial, quando Taizé deu os primeiros passos (a comunidade assinala este mês os 75 anos da chegada do irmão Roger à aldeia, em 1940, bem como os 100 anos do nascimento do fundador e os dez anos da sua morte, em 16 de Agosto de 2005).
Continuou a ser assim nas décadas sucessivas e é assim ainda hoje, disse o cardeal-patriarca aos jornalistas.
“Isto mostra que há uma continuidade profunda da tradição cristã, no encontro com Cristo, na oração e na partilha de vida", observou.
No actual momento de vida da Europa, em que o sonho da unidade se torna difícil de manter e se torna necessário os diferentes povos encontrarem-se “nas suas raízes comuns”, Taizé assume mais importância ainda. Por isso é “um lugar profético para a Europa e para o mundo”.
Sublinhou, a propósito, a esperança de que a nova geração de jovens europeus ajude a Europa a reencontrar-se: “As universidades, nascidas na Europa, desenvolveram uma consciência comum europeia a partir da Idade Média, com grandes pensadores que estudaram e viveram em diferentes cidades", lembrou D. Manuel Clemente.
Hoje, os jovens podem de novo seguir por esse trilho e desenvolver a “base comum” que já levou à proclamação da Declaração dos Direitos Humanos.
Esta geração do futuro “já está a ser forjada” na Europa, afirmou ainda o presidente da Conferência Episcopal Portuguesa.
Por isso Taizé “é especial, pois aqui já se encontram jovens com os mesmos sentimentos, o que é importante para criar um pensamento comum”, acrescentou.
Outro importante contributo de Taizé é que “aqui parte-se sempre do Evangelho e da opção preferencial pelos mais pobres”.
Taizé é assim, na opinião do cardeal-patriarca de Lisboa, “importante para criar uma alma verdadeiramente europeia, que se destine não apenas aos mais ricos mas a todos”.
A comunidade, que reúne uma centena de monges católicos e de diferentes origens protestantes, assinala esta semana, com o encontro "Por uma Nova Solidariedade".
Os aniversários antes referidos, que incluem centena e meia de debates, ateliês, exposições e actividades diversas.
Um momento de oração especial, no próximo domingo à tarde, para o qual são esperadas perto de sete mil pessoas, será o ponto alto das celebrações.
(o autor escreve segundo a anterior nota ortográfica)