Irene Moreira e Jaime Bacharel destacam experiência cristã de «harmonia»
Lisboa, 18 ago 2015 (Ecclesia) – A Comunidade Ecuménica de Taizé (França) é recordada pelos seus valores, união, exemplo e espiritualidade que convida ao silêncio através da oração e cânticos, nos seus 75 anos de existência e décimo aniversário da morte do fundador.
Jaime Bacharel considera que a Igreja Católica pode aprender com a “experiência de união” que se vive na comunidade com monges protestantes, católicos e “não há debate teológico sobre a divisão”; Onde também recebem jovens de várias confissões cristãs que “vivem em harmonia”.
Irene Moreira, da paróquia de São Nicolau, na Diocese do Porto, reforça que a Igreja Católica pode aprender sobre “simplicidade” com a Comunidade Ecuménica de Taizé.
“Com pouco conseguir muito e conseguir ser. O enfoque tem de ser no ser, aquilo que se percebe é que se consegue a unidade”, observa à Agência ECCLESIA.
O primeiro contacto da entrevistada com a comunidade francesa foi em 1989, a convite de duas catequistas, e ficou “seduzida” pelo espaço espiritual e físico de “beleza natural e contacto com a criação”.
Para Irene Moreira o espaço ajuda a que a comunidade seja diferente mas destaca o convite a um encontro pessoal com um Deus “muito simples” e que muitas vezes é “diferente” do que existe no meio da cidade.
“É o mesmo Deus mas muitas vezes não o sabemos encontrar na cidade e é isso que faz a diferença, que nos leva a voltar a Taizé”, acrescenta Irene Moreira que considera este regresso o “ir à fonte”: “É ir beber para nos alimentarmos para conseguirmos viver na selva que é a cidade.”
Jaime Bacharel pertencia a um grupo de jovens em Portalegre e em 1992 teve o seu primeiro contacto “ainda com uma consciência muito ligeira” da realidade de Taizé.
“O primeiro impacto foi avassalador pela beleza do espaço, as orações, os cânticos e uma série de fatores que tocam muito à adolescência, como a partilha, todos trabalharem para todos, a simplicidade, com pouco parece que não falta nada”, relembra o entrevistado.
O entrevistado recorda também que na primeira oração ficou “impressionado” pelo silêncio absoluto de 10 minutos num local com cerca de quatro mil jovens e “repete-se três vezes ao dia, sete dias por semana”.
Contudo, nem tudo é perfeito na comunidade da Borgonha (França) porque “onde existem pessoas há problemas” mas “aparentemente é perfeito”.
Jaime Bacharel que repetiu esta experiência em vários verões adianta que foi também “aprofundando” o conhecimento sobre a comunidade, “a origem, o sentido, o pensamento do Irmão Roger (fundador), até que o seu irmão entrou para a comunidade tornando os “laços também familiares”.
Para o professor de música, o segredo de Taizé está relacionado com a “visão” e a “confiança” que o fundador há 75 anos (assinalados esta quinta-feira), e depois toda a comunidade, depositaram no Espírito Santo porque “não arquitetaram aquele espaço” mas “foram simplesmente abrindo-se ao espírito”.
No âmbito dos 10 anos da morte do irmão Roger, assinalados este domingo pela comunidade com uma oração, Jaime Bacharel destaca uma personalidade que lhe “revelou muita santidade”.
Já Irene Moreira acrescenta que o religioso suíço continua-se a “conhecer através do testemunho que deixou” e está presente nos outros irmãos.
O irmão do único monge português recorda ainda que o irmão Roger fazia sempre um “pequeno discurso”, depois do almoço, onde falava desde “coisas pequenas, como um vaso de flores”, à preocupação com quem sofre, “como é que a comunidade pode fazer alguma coisa para além da oração para ajudar”.
PR/CB