Taizé: Como se dão as mãos na passagem de ano e se ultrapassam divisões históricas

Encontro de jovens cristãos em Riga contou com a participação de 103 portugueses

Lisboa, 06 jan 2017 (Ecclesia) – O encontro europeu de Taizé, que decorreu na Letónia, foi um passo na aproximação entre letões e russos, divididos pela história e “com feridas ainda por sarar”, testemunhado por jovens portugueses.

“É muito bonito um russo estar na festa dos povos a dar um abraço a um ucraniano ou um letão a dar as mãos a um russo no momento de oração na Festa dos Povos. Taizé cria estes momentos”, relembra Vanessa Alves, enfermeira e uma dos 103 participantes portugueses que estiveram em Riga para o encontro europeu, relembrando à Agência ECCLESIA o momento da passagem de ano.

A Comunidade ecuménica de Taizé, que integra em França cerca de 100 monges de Igrejas cristãs, propõe na passagem de ano um encontro numa cidade europeia onde os participantes se encontram para rezar pela paz.

Diogo Pereira, que foi pela primeira vez e decidiu ser voluntário, encontrou no norte da Europa uma cidade que ainda tem “uma resistência grande e mágoa perante a ocupação soviética”, visível na forma distante como inicialmente se relacionam” mas onde fez sentido afirmar uma mensagem de paz.

“Dar voz aos países mais distantes propondo uma mensagem de união e de construção da paz, que hoje, sentimos, é muito frágil. Por isso fez todo o sentido estarmos ali a rezar pela paz, conseguimos estar juntos, disponibilizamos o nosso tempo para estar num país distante, ouvir as suas dificuldades e rezar pela paz”, traduz o jovem da Diocese de Portalegre-Castelo Branco.

Cerca de 15 mil jovens, essencialmente europeus – mas onde se encontravam pessoas oriundas da Coreia do Sul e de Hong Kong, China – acolheram os desafios do prior da comunidade de Taizé, o irmão Alois, que os alertou para a simplicidade, fraternidade, partilha e acolhimento.

Os participantes são tradicionalmente acolhidos em famílias, na sua maioria protestante, sendo este o primeiro sinal de que a fraternidade acontece.

Foi o caso de Vanessa Alves e Diogo Pereira, que conheceram “uma casa muito pequenina, com pouco espaço”, herança da ocupação quando “os soviéticos entendiam que os letões não tinham o direito de serem livres como os russos”, mas onde as dificuldades “próprias de uma Igreja mais conservadora” foram ultrapassadas.

Os portugueses dão conta de um serviço “onde o celebrante está de costas para os participantes”, mas que “procura a “união”.

“Sentimo-nos irmãos”, reforça Vanessa Alves.

Na reflexão ‘Juntos, abrir caminhos de esperança’, o irmão Alois apelou a comportamentos que espelhem “gestos simples e concretos que os jovens, porque são intempestivos e alinham em tudo”, podem concretizar.

Cristãos comprometidos nas suas dioceses, o desafio do silêncio que a espiritualidade de Taizé propõe é eleita por ambos como num acrescento ao caminho na fé.

“A comunidade de Taizé ensinou-se a simplicidade e a alegria da simplicidade. Sozinha não consigo ser ninguém, é preciso uma comunidade. É muito importante o silêncio interior, que não devo ter medo”, traduz Vanessa Alves.

O encontro europeu de Taizé vai estar em destaque no programa ECCLESIA deste domingo, na Antena 1, a partir das 06h00.

LS

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