Taizé: Colóquio sobre o contributo do irmão Roger, para que a teologia avance

Iniciativa conclui-se este sábado, na aldeia da Borgonha, com o cardeal Walter Kasper

António Marujo, jornalista do religionline.blogspot.pt, em serviço especial para a Agência ECCLESIA (o autor escreve segundo a anterior nota ortográfica)

Taizé, França, 01 set 2015 (Ecclesia) – O o irmão Alois, de Taizé, disse esta segunda-feira que a teologia não é para ficar no mesmo sítio, antes destina-se a fazer os cristãos avançar na reflexão.

O prior da comunidade ecuménica falava na abertura do colóquio sobre o contributo do irmão Roger para o pensamento teológico.

A iniciativa marca este ano de celebrações em Taizé (Borgonha, França), acrescentou o prior da comunidade ecuménica: em 2015, a centena de monges católicos e protestantes assinala o centenário do nascimento de Roger Schutz, os 75 da sua chegada a Taizé e os dez anos da sua morte.

Para o irmão Alois, a reflexão do irmão Roger “estava cheia de temas bíblicos”.

O actual prior acrescentava que, desde que entrou na comunidade em 1974, se recorda de ouvir o fundador de Taizé insistir em que os irmãos colocassem os textos bíblicos no coração dos encontros de jovens.

O contributo do irmão Roger passou também pela insistência na recolha de textos dos teólogos dos primeiros tempos do cristianismo.

“Ele queria colocar os jovens à escuta dos testemunhos dos primeiros séculos”, afirmou.

Ir além das divisões dos cristãos era outro apelo permanente do irmão Roger, acrescentou: “Queria que cada cristão aprendesse a amar o dom do outro. E conduziu a nossa comunidade a tentar antecipar essa reconciliação”.

Um colóquio sobre o contributo do irmão Roger para o pensamento teológico pode, no entanto, parecer um “desafio”, disse o irmão Richard, outro dos monges de Taizé.

É que, explicou, em 1948, o irmão Roger, escreveu que nunca gostara de teologia, mas acrescentava, nas mesmas notas, que se sentia atraído por um tratado teológico do século XVI – as actas do sínodo de Berna (Suíça), de 1532.

Nesse tratado, o irmão Roger descobrira um capítulo com o título ‘Deus só pode ser apresentado às pessoas através de Cristo’, no qual se escrevia: “Tal não acontece quando aqueles que pregam falam muito de Deus à maneira pagã, em vez de o dar a conhecer no rosto de Cristo, o qual é o resplendor da sua glória, a imagem e o sinal da sua verdadeira essência”.

Conhecemos Deus através do rosto radioso de Jesus, comentou o irmão Richard sobre o modo como o fundador de Taizé, que morreu a 16 de Agosto de 2005, insistia na revelação divina.

Na apresentação do colóquio, este irmão de Taizé partiu de um texto bíblico que o irmão Roger citava com frequência, retirado do Evangelho de São Mateus (11, 25-30): “Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, que ocultaste estas coisas aos sábios e entendidos, e as revelaste aos pequeninos”.

Este texto, que foi utilizado na oração de acção de graças pela vida do irmão Roger, dia 16 de Agosto “ilumina a maneira de viver, rezar, pensar e, porque não, a teologia” do irmão Roger”, referiu.

No início da década de 1970, o irmão Roger escrevia, no livro Viver o Inesperado: “Demasiado deslumbrante para ser visto, Deus é um Deus que cega o olhar. Cristo capta este fogo devorador e, sem brilhar, deixa transparecer Deus”.

As palavras de Jesus são “um critério desarmante de simplicidade para pôr à prova todo o ensino da fé, toda a teologia. Não se podem reclamar de Jesus os ensinamentos de teologia que pesam, oprimem ou paralisam”, disse o irmão Richard.

“Jesus não ameaça ninguém, não impõe nada. É humilde de coração: aceita de todo o coração não estar em cima dos outros, mas ser o servo de todos”, concluiu.

No sábado de manhã, o colóquio termina com uma intervenção do cardeal Walter Kasper.

‘A misericórdia e o caminho ecuménico do irmão Roger’ é o tema sobre o qual falará o ex-presidente do Conselho Pontifício para Promoção da Unidade dos Cristãos.

AM/OC

Partilhar:
plugins premium WordPress
Scroll to Top