Situação foi abordada durante o encontro internacional de jovens que está a ser promovido pela comunidade ecuménica
António Marujo, jornalista do religionline.blogspot.pt, em serviço especial para a Agência ECCLESIA
Borgonha, França, 11 ago 2015 (Ecclesia) – Os ciganos são, na Europa, a maior minoria étnica e também a mais discriminada: 11 milhões de pessoas enfrentam situações como os acantonamentos forçados em França, ataques violentos na Hungria e escolas especiais na Eslováquia.
A situação foi denunciada em Taizé (Borgonha, França), no âmbito do encontro “Por uma Nova Solidariedade”, que decorre até domingo.
A iniciativa é promovida pela comunidade ecuménica dos monges de Taizé para assinalar três datas: os 100 anos do nascimento do fundador, o irmão Roger, os 75 anos da sua chegada à aldeia e os dez anos da sua morte, a 16 de Agosto de 2005.
Danilo Giannese, da Associação 21 de Julho, que luta contra a discriminação dos ciganos em Itália, acrescenta à lista a realidade do seu país: há campos para ciganos, criados e geridos pelo Estado para agrupar pessoas com base na sua etnia, e que são “autênticos guetos, lugares de discriminação, longe das cidades e de serviços básicos como escolas ou hospitais”.
“O que se passa nos campos é a negação de direitos humanos como o direito à saúde, à educação e, para as crianças, o direito a crescer com dignidade ou, simplesmente, poder brincar”, acrescenta Giannese.
O responsável da associação italiana animou, em Taizé, um dos debates, entre a centena e meia de ateliês e outras actividades, que marcam esta semana.
Para Danilo Giannese, estes lugares acabam por criar “excluídos da sociedade”, precisamente o contrário da ideia comum: “Pensa-se que são os ciganos que não querem integrar-se, mas são as políticas públicas que promovem esta situação”, salientou.
Em Abril a União Europeia levantou um procedimento de infracção à Eslováquia por causa das escolas especiais para ciganos. E já em 2012, a UE levara a Itália a comprometer-se com o encerramento dos campos e a criação de percursos de inclusão social.
Mas o caminho tem sido lento. E só há poucas semanas, um tribunal de Roma condenou, pela primeira vez, o carácter discriminatório dos campos, ordenando o encerramento de um deles.
Para contrariar outro preconceito existente, Giannese diz que estes “guetos” saem caros: em 2013, o Estado gastou 24 milhões de euros apenas na sua gestão, denuncia. Ao contrário, “nem um único euro foi gasto na integração”.
E 2014, a associação denunciou a existência de interesses mafiosos ligados à gestão dos campos.
Um dos visados respondeu, ainda segundo Giannese: “Com os ciganos fazemos mais dinheiro do que com a droga.”
Apesar de haver apenas 180 mil ciganos no país (0,25 por cento da população), a Itália tem um “anti-ciganismo muito forte”, denuncia o responsável.
Isto, apesar de os números também dizerem que “quatro em cada cinco ciganos” estão bem integrados na sociedade.
Só que, lamenta ainda Danilo Giannese, estes factos não são conhecidos nem os media falam deles.
(o autor escreve segundo a anterior norma ortográfica)