Encontro com 18 líderes cristãos e de outras confissões deixa apelo ao diálogo e colaboração
Fotos: Vatican News
Banguecoque, 22 nov 2019 (Ecclesia) – O Papa encontrou-se hoje na Tailândia com 18 líderes de Igrejas cristãs e outras religiões, a quem pediu um compromisso comum contra a exploração de seres humanos, num clima de diálogo e colaboração.
Falando na Universidade Chulalongkorn, a mais antiga do país asiático, Francisco propôs aos presentes um “espírito de fraterna colaboração que ajude a pôr fim a tantas escravidões que persistem” na atualidade, em particular “o flagelo do tráfico e exploração de pessoas”.
“Todos somos chamados não só a prestar atenção à voz dos pobres que estão à nossa volta – marginalizados, oprimidos, povos indígenas e minorias religiosas –, mas também a não ter medo de gerar instâncias – como timidamente já se começa a verificar – onde nos possamos unir e trabalhar juntos”, declarou.
O encontro em Banguecoque reuniu cerca de 1500 pessoas, tendo o Papa destacado a “preciosa herança cultural e as tradições espirituais” desta nação.
Francisco sublinhou que o primeiro chefe de Estado não cristão recebido no Vaticano foi o rei Chulalongkorn, da Tailândia, que em 1897 se encontrou com Leão XIII.
A intervenção apelou a um empenho de todos para enfrentar problemas mundiais, como as “graves consequências” da globalização económico-financeira, os conflitos sobre migrantes e refugiados ou a degradação e destruição da natureza.
Acabaram-se os tempos em que a lógica da insularidade podia predominar na conceção do tempo e do espaço e impor-se como mecanismo válido para a resolução dos conflitos. Hoje é tempo de ousar imaginar a lógica do encontro e do diálogo mútuo como caminho, a colaboração comum como conduta e o conhecimento recíproco como método e critério”, sustentou.
O Papa afirmou a necessidade de um novo paradigma para a resolução dos conflitos, com a ajuda das religiões e das universidades, “para garantir às gerações mais jovens o seu direito ao futuro”.
“Estes tempos exigem que se construam bases sólidas, ancoradas no respeito e reconhecimento da dignidade das pessoas, na promoção dum humanismo integral capaz de reconhecer e reivindicar a defesa da nossa casa comum, numa gestão responsável que preserve a beleza e a exuberância da natureza como um direito fundamental à existência”, precisou.
Francisco falou do imperativo de “defender a dignidade humana e respeitar os direitos de consciência e liberdade religiosa”, felicitando depois os tailandeses pela atenção que dedicam aos mais velhos.
“Com a tendência crescente a desacreditar os valores e as culturas locais, através da imposição dum modelo único, vemos hoje uma tendência para ‘homogeneizar’ os jovens, dissolver as diferenças próprias do seu lugar de origem, transformá-los em sujeitos manipuláveis feitos em série. Deste modo causa-se uma destruição cultural, que é tão grave como a extinção das espécies”, advertiu, citando a exortação apostólica ‘Cristo Vive’.
Queridos irmãos, todos somos membros da família humana e cada qual, no lugar que ocupa, é chamado a ser ator e corresponsável direto na construção duma cultura baseada em valores partilhados que levem à unidade, ao respeito mútuo e à convivência harmoniosa”.
O encontro foi animado por um coro constituído por católicos, budistas e muçulmanos, num gesto simbólico.
Francisco chegou à Tailândia esta quarta-feira, para a sua primeira visita ao país, que recebeu João Paulo II em 1984; este sábado, o Papa segue para o Japão, onde vai rezar em Nagasáqui e Hiroxima.
OC