Supressão da vida humana não é avanço civilizacional

Cardeal José Saraiva Martins, em entrevista à Agência ECCLESIA D. José Saraiva Martins, prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, tem acompanhado desde o Vaticano a campanha para o próximo referendo ao aborto, de Domingo. Em entrevista à Agência ECCLESIA, o Cardeal português deixa votos de que vença o «Não». Agência ECCLESIA (AE) – Espera que o povo português repita o que fez no referendo de 1998, em que ganhou o «Não»? D. José Saraiva Martins (JSM) – Espero de todo o coração, como homem, como cristão e como português, que os meus compatriotas repitam no próximo referendo o feito de há nove anos, em que venceu o «Não» ao aborto. Oxalá que, também desta vez, se diga sim à vida e não à morte, ou seja, ao aborto. A vida é o dom mais precioso que recebemos de Deus e não pode ser suprimida, nem no seu início, nem no seu fim natural. Ninguém tem direito de impedir que a vida surja e se desenvolva. Fazê-lo é cometer um homicídio. Só Deus é o senhor da vida, nenhuma criatura se pode arrogar tal direito. AE – Considera importante que a Igreja se manifeste sobre este tema, mesmo sendo criticada? JSM – Acho que é extremamente importante que a Igreja exprima com clareza o seu pensamento sobre o tema do aborto, é seu dever fazê-lo. Ela está ao serviço do homem e dos seus valores fundamentais, o maior dos quais é, sem dúvida, a vida, na sua dignidade e sacralidade. A Igreja pecaria por omissão se o não fizesse: os fiéis têm o direito a ser esclarecidos sobre uma matéria que é de vital importância para o homem e para a sociedade de hoje. A esse direito corresponde, como é lógico, o dever dos pastores de exporem, sem medo de serem criticados pelos defensores da liberalização do aborto, o verdadeiro pensamento da Igreja a tal respeito. AE – O aborto é um avanço civilizacional, como dizem os defensores da sua liberalização? JSM – A supressão da vida de seres inocentes nunca poderá ser considerada como um verdadeiro avanço civilizacional. Esta é uma tese inadmissível, tanto do ponto de vista cristão, como do ponto de vista puramente humano. Há que evitar toda e qualquer ambiguidade num campo tão delicado como este. O verdadeiro sinal de progresso social e cultural é a elaboração e aplicação de uma sã política familiar que ajude a resolver os numerosos problemas que muitas famílias de hoje encontram na sua vida de cada dia. AE – Este referendo tem sido acompanhado no Vaticano? JSM – É claro que o referendo que se vai realizar em Portugal é objecto de conversas, aqui, entre nós, como tudo aquilo que diz respeito ao homem e à vida em qualquer parte do mundo. Portanto, este referendo tem sido acompanhado pelas pessoas do Vaticano e todos desejamos aqui que ganhe, também desta vez, o «Não» ao aborto.

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