«Sistema chinês está a evoluir» O Superior dos Jesuítas em Macau lamentou, em declarações ao jornal “O Clarim”, não existir uma acção concertada entre as várias dioceses, nomeadamente as de Macau, Hong Kong e Taiwan. «Existe uma rede enorme de entidades – congregações religiosas, organizações eclesiais e ONG’s – mas ain- Superior dos Jesuítas em Macau deseja maior coordenação na Igreja «Sistema chinês está a evoluir» da não existe um cérebro que as coordene», afirmou o padre Luís Sequeira numa entrevista publicada na última edição do semanário católico de Macau. O Superior dos Jesuítas considera que «há um espírito que une toda a gente, um sentido de Igreja, de evangelização e construção de um país que é a China mas, no entanto, falta uma visão de conjunto». «Não há uma estratégia, uma cabeça que lidere todo esse processo», diz Luís Sequeira, para quem «um pouco mais de visão, coordenação, planificação e estratégia podia render muito mais». Luís Sequeira defende que numa primeira fase a estratégia passaria por reforçar o diálogo entre Macau, Hong Kong e Taiwan. «A China também seria um parceiro desejado, mas qualquer contacto a nível oficial ainda não é possível », diz o religioso. O Superior dos Jesuítas em Macau mostra-se ainda convicto que a China vai abrir as portas ao Vaticano e permitir total liberdade religiosa. Luís Sequeira defende que a aproximação do Vaticano à China deve ser feita com base num diálogo que leva ao «encontro de corações e de espírito» deixando de fora a política. «A Igreja não é política. Quando muito tem implicações políticas. O diálogo deve ser feito apenas ao nível espiritual e religioso. Mateus Ricci (o primeiro jesuíta na China no século XVI) nunca enveredou pela política para atingir os seus objectivos», afirmou ainda Luís Sequeira. «Podemos discordar do sistema chinês, mas ele próprio está a evoluir. Não nos podemos esquecer que também no tempo de Salazar e Franco os bispos tinham de ser reconhecidos pelo governo. Foi assim em Portugal, Espanha, França e Itália. É tendo em conta essa experiência que devemos lidar coma China», afirmou também o religioso. O jesuíta considera ainda «um ponto de viragem» o facto de recentemente o Bispo de Xangai ter presidido à Ordenação do seu bispo auxiliar «num sinal de entendimento entre o governo central chinês e o Vaticano». A possibilidade do Vaticano estabelecer relações diplomáticas com a China, cortando os laços que possui com Taiwan desde 1949, tem sido referida com insistência nos últimos meses.