Resultado do referendo sobre imigração visto com preocupação
Lucerna, Suiça, 11 fev 2014 (Ecclesia) – O coordenador nacional dos missionários de língua portuguesa na Suíça, padre Aloísio Araújo disse hoje à Agência ECCLESIA que os portugueses estão “apreensivos” com a decisão dos suíços em limitar quotas para imigrantes europeus.
“A comunidade portuguesa na Suíça está um bocadinho apreensiva com esta decisão, até porque ainda não se sabe muito bem como vai ser aplicada a lei e há muita gente que está na Suíça em situação de trabalho ainda precário, outros ainda à procura de emprego e o resultado do referendo cria por isso uma grande apreensão”, adianta.
No passado domingo, 50,3 por cento dos suíços aprovaram em referendo uma iniciativa denominada «Contra a Imigração em Massa», proposta pela União Democrática do Centro (UDC), que também restabelece o princípio da preferência pelo trabalhador nacional face ao estrangeiro, que se encontrava abolida para todos os trabalhadores oriundos de algum dos países da União Europeia.
Segundo o que foi aprovado em referendo, o número de autorizações emitidas para uma estada de estrangeiros na Suíça vai passar a ser limitado por quotas anuais, com limitações ao reagrupamento familiar, novas regras para benefícios sociais e autorizações de residência.
A iniciativa agora aprovada prevê a revisão nos próximos três anos dos tratados internacionais contrários a estas disposições, uma decisão que afeta, entre outros países, as relações com a União Europeia.
Uma decisão que o padre Aloísio Araújo considera “polémica”, uma vez que “ vem colocar em dúvida toda a questão da livre circulação de pessoas e bens nas fronteiras suíças”.
Ainda muito recente, esta normativa aprovada em referendo leva a que “se fale muito e existam várias versões do que pode ser estabelecido como lei mas para já as pessoas estão um pouco confusas e sem informações concretas”.
“Temos de esperar para ver o que resolve o parlamento suíço e a federação helvética, resta apenas aguardar, mas com muita apreensão por aquilo que pode vir aí”, lamenta o coordenador nacional dos missionários de língua portuguesa.
Na Suíça residem cerca de 250 mil portugueses e lusodescendentes, um número que tem aumentado nos últimos anos devido à crise em Portugal e na União Europeia.
Segundo o padre Aloísio Araújo “há dois tipos de imigrantes portugueses na Suíça”, sendo que existe “uma nova vaga que se caracteriza por famílias novas, muita gente formada que vem à procura de qualquer tipo de emprego para tentar trabalhar”.
“A outra faixa são famílias que estão cá há já 30 ou 20 anos, têm a sua vida estabilizada já com filhos a trabalhar”, conclui.
MD