Responsáveis católicos alertam para dimensão das crises humanas nos dois países africanos

Malacal, Sudão do Sul, 21 nov 2025 (Ecclesia) – A Conferência dos Bispos Católicos do Sudão e do Sudão do Sul (SSSCBC) alertou, em comunicado, para os “interesses” particulares e “apropriação indevida” de recursos que levam à violência e às crises humanas nos dois países.
“Em vez de se buscar o diálogo, interesses egoístas assumiram o protagonismo e desencadearam a violência. Isso agravou as crises humanitárias, o ódio comunitário, a propaganda divisória, a desestabilização dos meios de subsistência, os deslocamentos recorrentes, a apropriação indevida de recursos públicos, a fome generalizada e a iminente escassez alimentar”, indica o organismo, após uma reunião plenária que decorreu na última semana, na cidade sul-sudanesa de Malacal.
Os responsáveis católicos denunciaram lutas pelo poder que desrespeitam a “dignidade humana”.
O documento fala em “divisões étnicas, tribais e até intertribais sem precedentes em nome da política”.
Para a SSSCBC, a riqueza na diversidade não deve ser estragada por “políticas divisórias e míopes”, alertando para os riscos de se perder uma visão comum.
A mensagem final do encontro sublinha que os recursos naturais estão a ser desviados por indivíduos para “o seu luxo”, gerando pobreza na população, recordando que “o poder sem serviço é uma perda de direção”.
Os bispos destacam a preocupação com a “repatriação forçada e alarmante” de sul-sudaneses a partir do Sudão, sem salvaguarda das famílias.
Sobre a segurança, os responsáveis católicos recordam que o desarmamento deve respeitar a dignidade humana e afirmam que “o bombardeamento indiscriminado de civis nunca se justifica”.
A redução do pessoal da Missão das Nações Unidas no Sudão do Sul (UNMISS) foi classificada como preocupante, com alertas para as “sérias implicações” que o encerramento de estações terá para a paz.
A Igreja Católica deixou um apelo direto à ONU para manter o apoio neste “momento crítico”.
A SSSCBC renovou o apelo à implementação do “Acordo Revitalizado” no Sudão do Sul e da “Declaração de Jeddah” no Sudão.
Como resposta pastoral, foi anunciado o lançamento das “Pequenas Comunidades Cristãs” para promover a reconciliação e a esperança no contexto do Ano Jubilar.
No Sudão, a Cáritas está a responder a uma das mais graves crises humanas da atualidade em conjunto com outras organizações membros.
O conflito forçou quase 13 milhões de pessoas a fugir das suas casas, incluindo 8,6 milhões de deslocados dentro do país, tornando esta a maior emergência de deslocação interna em todo o mundo.
Desde que os combates eclodiram em abril de 2023, a situação tem-se tornado cada vez mais instável.
Atualmente, cerca de 30 milhões de pessoas vivem sem acesso seguro a alimentos, cuidados de saúde, abrigo ou proteção.
OC
