Sudão: Sacerdote católico morre num ataque de milícias na cidade de El Fasher

Leão XIV lamentou morte do padre Luc Jumu, pároco de El Fasher, este domingo, no Vaticano

Lisboa, 16 jun 2025 (Ecclesia) – O padre Luka Jomo e dois jovens morreram, atingidos por balas perdidas, durante um ataque de milícias paramilitares, no dia 13 de junho, em El Fasher, a capital do estado de Darfur do Norte, no Sudão.

“Rezemos pelo descanso eterno do Padre Luka e dos outros dois jovens falecidos em El Fasher e pelos seus familiares e a sua comunidade, mas também por todos os cristãos do Sudão e os habitantes deste país, vítimas da guerra e da violência, para que possam alcançar em breve a tão desejada paz”, apela a presidente executiva da Fundação Ajuda à Igreja que Sofre Internacional, Regina Lynch, na informação enviada hoje à Agência ECCLESIA.

A Fundação AIS Internacional explica, citando fontes locais, que a cidade de El Fasher “está há quase dois anos sitiada pelas Forças de Apoio Rápido, as milícias paramilitares”, apesar das Nações Unidas “terem solicitado que a ajuda humanitária pudesse chegar”.

Na informação divulgada pelo secretariado português da AIS, a fundação internacional acrescenta, segundo as suas fontes, que “nos últimos meses, os bombardeamentos e ataques das milícias intensificaram-se e, num desses ataques, uma bala provavelmente perdida acabou com a vida” do padre Luka Jomo, pároco em El Fasher, “às 3 da manhã” do dia 13 de junho.

A notícia da morte do padre Luka Jomo, sacerdote católico, foi divulgada em comunicado, pelo vigário-geral da Diocese sudanesa de El Obeid, o padre Abdallah Hussein, que informou que “a causa da morte foi uma bala perdida que tirou a vida dele e de outros dois jovens”.

Este domingo, o Papa dirigiu-se à população do Sudão, “devastada pela violência há mais de dois anos”, e exortou a comunidade internacional a “intensificar os esforços para fornecer, pelo menos, a assistência essencial à população duramente atingida pela grave crise humanitária”.

“Chegou-me a triste notícia da morte do reverendo Luc Jumu, pároco de El Fasher, vítima de um bombardeamento. Ao assegurar as minhas orações por ele e por todas as vítimas, renovo o apelo aos combatentes para que cessem as hostilidades, protejam os civis e iniciem um diálogo pela paz”, disse Leão XIV, que condenou também o “massacre” provocado por homens armados, a cerca de 200 mortes na aldeia nigeriana de Yelewata, centro-leste do país africano, na noite de 13 para 14 de junho.

A Fundação Ajuda à Igreja que Sofre explica que o conflito armado no Sudão “está na origem da maior crise humanitária do planeta na atualidade”, calcula-se que terão morrido “mais de 150 mil pessoas e há ainda cerca de 14 milhões de deslocados” no Sudão, e refugiados em diversos países da região.

A AIS explica esta guerra como “uma dramática luta pelo poder entre dois generais”, Abdel Fattah al-Burhan, o atual presidente, que tem o exército, e Mohammed Hamdan Daglo, que era, no início do conflito, o vice-presidente do Sudão, a 15 de Abril de 2023, que controla as RSF, as chamadas Forças de Apoio Rápido.

Segundo a fundação pontifícia, “cerca de 300 famílias cristãs”, compostas principalmente por idosos, mulheres e crianças, permanecem na cidade de El-Obeid, que é controlada por militares sudaneses desde que começou a guerra, e “encontra-se completamente sitiada por milícias paramilitares”.

CB/OC

 

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