Bento XVI elogiou diálogo com Islão na audiência aos bispos do maior país africano
O papel da Igreja na consolidação da paz no Sudão foi um dos aspectos sublinhados pelo Papa no discurso que proferiu este Sábado aos bispos do país, no âmbito da sua visita “ad limina” ao Vaticano.
Bento XVI invocou a “reconciliação” e o “perdão” para o maior país de África, que em 2005 saiu de uma guerra civil de duas décadas.
“A corrupção, as tensões étnicas, a indiferença e o egoísmo” podem impedir que a paz crie “raízes profundas”, lembrou o Papa, que pediu ao episcopado para promover “justiça, responsabilidade e caridade”.
Neste sentido, Bento XVI convidou os prelados a suscitarem na população um espírito de responsabilidade “com as gerações presentes e futuras”, encorajando “o perdão, a aceitação recíproca e o respeito pelos compromissos assumidos”.
Os efeitos da violência – recordou – podem levar anos a atenuar-se, mas a mudança de coração, que é condição indispensável para uma paz justa e duradoura, deve ser implorada desde já como dom da graça de Deus.
Na sua intervenção, o Papa manifestou o apreço pela acção que a Igreja está a realizar para assistir as pessoas mais pobres e encorajou os bispos a dedicarem as suas energias ao reforço da educação católica.
A importância do diálogo inter-religioso foi outro dos temas que marcou o discurso, com o apelo a “uma generosa troca de dons sem distinções de raça ou etnia”.
Para Bento XVI, é preciso insistir nos valores que os cristãos têm em comum com os muçulmanos, dado que eles estão na base do respeito e da compreensão entre as religiões.
Depois de elogiar o compromisso dos prelados em manter boas relações com os seguidores do Islão, o Papa pediu “a mesma abertura e o mesmo amor” para com os fiéis das religiões tradicionais.
O Sudão tem cerca de 37 milhões de habitantes – 80% dos quais muçulmanos e 17% cristãos – que em grande parte são afectados por uma pobreza acentuada pelas consequências do conflito interno que causou dois milhões de mortos e quatro milhões e meio de deslocados.
As primeiras eleições após a guerra estão agendadas para Abril, depois de dois adiamentos.
Para 2011 está programada a realização de um referendo que poderá conceder a independência à actual região autónoma do Sul, consulta que tem gerado muitas tensões sociais.
A expressão “ad limina”, abreviação de “ad sacra limina Apostolorum” (“aos sagrados túmulos dos Apóstolos”), é usada para designar a visita que os bispos diocesanos devem fazer de 5 em 5 anos a Roma para venerar os túmulos de Pedro e Paulo, estar com o Papa e apresentar-lhe o relatório do estado dos territórios que lhes foram confiados.
Com Rádio Vaticano