Sudão: novo país terá bênção das Igrejas

Independência do sul nas mãos de cerca de 4 milhões de eleitores

Lisboa, 07 Jan (Ecclesia) -O referendo sobre a independência do Sudão do sul, entre 9 e 15 de Janeiro, vai ser acompanhado de perto pelas comunidades cristãs na região, as quais desempenharam um papel decisivo na luta pela autodeterminação.

O território meridional, com cerca de 9 milhões de habitantes, é maioritariamente cristão, ao contrário do norte, onde a maioria muçulmana tem levado a cabo um processo de islamização da sociedade.

Durante uma semana, a população do sul do Sudão irá votar para decidir se deseja continuar a fazer parte de um Sudão unido ou prefere formar um país independente, o 54.º de África, sendo que esta última hipótese é apontada como a mais do que provável vencedora.

José Vieira, chefe de redacção da Rádio Bakhita, na capital do sul do Sudão, refere que o direito à autodeterminação “contou sempre com o apoio das Igrejas”.

Antes da eventual independência, contudo, as duas partes terão de resolver “questões polémicas”, como a definição de fronteiras e a divisão da dívida externa sudanesa.

As publicações missionárias de Portugal (Missão Press) decidiram lançar em conjunto, neste mês de Janeiro, um dossier relativo ao referendo sobre a autodeterminação do sul do Sudão, previsto pelo acordo global de paz assinado em 2005.

O padre José Vieira, missionário comboniano em Juba, precisamente no sul do Sudão, assina um texto em que aborda a previsível separação desta região do norte sudanês, para “usufruir dos muitos recursos com que a região foi abençoada, nomeadamente petróleo, água, minerais, terras férteis e florestas”.

A comissão do referendo do sul do Sudão revelou que o número de votantes recenseados é de 3,93 milhões.

Para o resultado do referendo ser validado, pelo menos 2,4 milhões de eleitores têm de votar.

O acto eleitoral deveria também decidir o futuro da região de Abyei, rica em reservas de petróleo disputadas por norte e sul, mas essa decisão foi adiada, o que faz temer confrontos entre tribos rivais.

A guerra civil no Sudão, uma das mais longas da história, já matou mais pessoas do que os conflitos do Kosovo, Bósnia-Herzegovina, Chechénia e Ruanda, todos somados.

A Igreja Católica tem sido uma voz sempre presente, não obstante as dificuldades que se lhe apresentam no terreno: o Relatório 2010 da Liberdade Religiosa no Mundo da Fundação Ajuda à Igreja que Sofre inclui o Sudão entre as 21 nações com graves restrições e episódios de intolerância social ou legal relativamente à religião.

Neste sentido, desde 21 de Setembro de 2010 até 16 de Janeiro de 2011, a Igreja Católica promove uma cadeia de oração por “um referendo pacífico”, para promover a paz e a reconciliação.

OC

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