Sudão do Sul: País «sem nada» nasce no sábado

Fundação Ajuda à Igreja que Sofre pede donativos para escolas, sacerdotes e seminários

Lisboa, 06 jul 2011 (Ecclesia) – A secção portuguesa da fundação católica Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) está preocupada com o futuro do Sudão do Sul, o mais novo país do mundo, situado na África, que declara oficialmente a independência no sábado.

“É um país que vai nascer sem nada e com uma perspetiva de futuro muito pequena”, salientou a presidente do Conselho de Administração da AIS, Catarina Martins, em entrevista à ECCLESIA.

A responsável afirma que o novo Estado, nascido da divisão do Sudão, “vai ser um dos mais pobres do mundo”, onde os cristãos, apesar de maioritários, enfrentam dificuldades por serem “a classe mais baixa e com menos acesso à escolaridade e ao trabalho”.

Rico em petróleo, que tem de passar pelo vizinho do norte para chegar à costa e ser distribuído, o país enfrenta graves carências ao nível sanitário.

“Nenhuma mulher deveria morrer ao dar a vida. Infelizmente, o Sudão do Sul tem o índice de mortalidade materna mais elevado do mundo”, disse à AFP o médico Alexander Dimiti, que trabalha ao serviço das Nações Unidas.

A alimentação e a construção de estradas, hospitais e escolas – 90% das mulheres não sabem ler ou escrever – são outros desafios do regime de Juba, capital do Sudão do Sul, com uma população estimada de 8,3 milhões de pessoas, segundo dados do censo de 2008.

Cerca de 300 mil pessoas voltaram ao sul desde outubro, esperando-se que este fluxo continue nos próximos meses, no meio de conflitos que fizeram deste ano o mais mortífero no Sudão desde que em 2005 foram assinados os tratados de paz.

“Os cristãos estão a deslocar-se para o sul, já que o norte vai ficar islâmico”, explica Catarina Martins, que antevê uma “situação muito complicada”: “A ausência de perspetivas de futuro vai criando conflitos”, assinala.

O exército do Sudão do Sul, na linha da frente para a transição, está a ser acusado de matanças, violações, repressão da imprensa e centralização de poder.

A Fundação AIS ajuda o Sudão desde os anos 90, financiando as “Escolas da Esperança”, criadas nos campos de refugiados para que “as crianças que vivem em condições muito complicadas tenham acesso à formação” e à “alimentação”, refere a responsável.

Em 2011 a organização dependente da Santa Sé propõe-se suportar com 100 mil euros um projeto “que envolve muitos meios” ao apoiar diariamente “milhares de crianças” de 34 escolas, localizadas sobretudo na região de Cartum, capital do Sudão.

Catarina Martins realça também a ajuda prestada pela Fundação na formação de seminaristas e sacerdotes”, na construção de centros paroquiais que possibilitem o funcionamento da catequese e outros serviços, além da aposta na mobilidade.

Está em curso uma campanha de angariação de fundos para o seminário menor de São José, na diocese de Tombura-Yambio, sul do Sudão, cuja reconstrução está orçamentada em 50 mil euros.

A Ajuda à Igreja que Sofre quer também apoiar com 10 mil euros o seminário de São Paulo, em Cartum, o único do Sudão, para despesas de alimentação, salários e aquisição de um computador.

Além da falta de infraestruturas – “o país vai precisar muito do apoio da comunidade internacional”, sustenta Catarina Martins – a Igreja quer promover a unidade e o perdão.

Os bispos do Sudão lançaram uma corrente de oração com o objetivo de alcançar a reconciliação, no seguimento de uma guerra civil com mais de duas décadas que provocou “milhões de mortos e refugiados”.

PTE/RM

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Agência ECCLESIA

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