Arcebispo de Nairobi vai representar Bento XVI na cerimónia de proclamação de independência, a 9 de julho
Lisboa, 07 jul 2011 (Ecclesia) – O missionário português José da Silva, a residir em Juba, capital do sul do Sudão, deu contas dos preparativos para a proclamação da independência da 193ª nação do mundo, que incluem uma missa, no próximo domingo.
A celebração, adianta o sacerdote, vai ser presidida pelo arcebispo de Nairobi, cardeal John Njue, que também representa o Papa na cerimónia de proclamação de independência, este sábado.
Um referendo sobre a independência do Sudão do Sul decorreu entre 9 e 15 de janeiro deste ano, abrindo caminho para a independência do território meridional, com cerca de 9 milhões de habitantes, maioritariamente cristão, ao contrário do norte, onde a maioria muçulmana tem levado a cabo um processo de islamização da sociedade.
Num comentário publicado no seu blogue «Jirenna» (palavra guji, do sul da Etiópia, que significa vida), o padre José da Silva, chefe de redação da Rádio Bakhita, dá conta do “programa da independência” e sublinha que o novo Governo, “apadrinhando uma ideia dos bispos católicos, propôs às pessoas que partilhem o jantar do dia 8 [sexta-feira] com os vizinhos para contarem as histórias pessoais do longo caminho para a liberdade”.
“À meia-noite do dia 9 os sinos vão repicar e as pessoas foram convidadas a bater tambores para saudar a nova república. Disparar armas é proibido”, acrescenta.
Salva Kiir Mayardit (do Movimento Popular de Libertação do Sudão) assumirá a presidência do novo país, depois de em abril de 2010 ter sido eleito presidente da região semiautónoma do sul do Sudão.
O Sul do Sudão torna-se oficialmente independente no sábado, após cinco décadas de conflito com o Norte, mas continuam por resolver questões como a demarcação de fronteiras, a partilha das receitas do petróleo e a situação dos cidadãos sul-sudaneses que residem no Norte.
“A população nutre grandes esperanças para o futuro, porque pensa que graças à independência, a situação será diferente”, assinala o padre Martin Ochaya, secretário-geral da Arquidiocese de Juba, capital do Sudão do Sul, em declarações à agência Fides, do Vaticano.
“Orações de agradecimento e pedidos vão continuar em todas as paróquias, mesmo após a independência, durante todo o mês de julho”, acrescenta.
Com uma área semelhante à da Península Ibérica, o novo país tem fronteiras a leste com a Etiópia, a sul com o Quénia e o Uganda e a oeste com a República Democrática do Congo e a República Centro-Africana.
A norte, continuam a ser disputados com o Sudão os territórios Abyei (rico em petróleo) e do sul Kordofan (habitado pela população Nuba, que não aceita permanecer sob o governo de Cartum).
O padre Ochaya admite que “ainda há tensão”, apesar do cessar-fogo em Abyei, considerando que a disputa no sul de Kordofan “continua a ser um problema grave”.
Os Estados Unidos da América apelaram quarta-feira ao fim dos combates nesta região, “para que a ajuda humanitária possa ter acesso à área”, afirmou a porta-voz do Departamento de Estado norte-americano, Victoria Nuland.
OC