Milhares de pessoas despediram-se de Francisco, em clima de festa
Juba, 05 fev 2023 (Ecclesia) – O Papa disse hoje na capital do Sudão do Sul que os católicos do país têm o dever de travar a espiral de violência e de guerra, abdicando da lógica do conflito, da vingança e da corrupção.
“Em nome de Jesus, das suas Bem-aventuranças, deponhamos as armas do ódio e da vingança para abraçar a oração e a caridade; superemos as antipatias e aversões que, com o passar do tempo, se tornaram crónicas e correm o risco de levar à contraposição de tribos e de etnias; aprendamos a colocar nas feridas o sal do perdão”, disse, na homilia da Missa a que presidiu no recinto do memorial a John Garang, em Juba.
Na última celebração pública da viagem, iniciada esta sexta-feira, Francisco chegou ao local em papamóvel, tendo passado vários minutos a saudar a multidão, estimada em 70 mil pessoas, que o acolheu em clima de festa.
“Nós cristãos, apesar de ser frágeis e pequenos, mesmo quando nos parecem insignificantes as nossas forças se comparadas com a grandeza dos problemas e a fúria cega da violência, podemos oferecer uma contribuição decisiva para mudar a história”, sublinhou, durante a Eucaristia, que contou com vários momentos de cantos e danças tradicionais.
Num país em que os católicos representam mais de 50% da população, Francisco declarou que “o anúncio de Cristo é anúncio de esperança” de que “cada cruz se há de transformar em ressurreição, cada tristeza em esperança, cada lamento em dança”.
“Somos chamados a testemunhar a aliança com Deus na alegria, com gratidão, mostrando que somos pessoas capazes de criar laços de amizade, viver em fraternidade, construir boas relações humanas, impedir que prevaleçam a corrupção do mal, a patologia das divisões, a sujidade dos negócios iníquos, a praga da injustiça”, acrescentou.
Para ser bem-aventurado, isto é, plenamente feliz, não devemos procurar ser fortes, ricos e poderosos, mas humildes, mansos e misericordiosos; não devemos fazer mal a ninguém, mas ser pacificadores para com todos”.
O Papa dirigiu-se a uma terra “martirizada”, que vive em guerra há mais de uma década e procura implementar acordos de paz que lhe ofereçam estabilidade e segurança, após a independência proclamada em 2011.
“Faço votos de serdes sal que se espalha e derrete generosamente para dar sabor ao Sudão do Sul com o gosto fraterno do Evangelho; de serdes comunidades cristãs luminosas que, como cidades situadas no alto, lancem uma luz benéfica sobre todos e mostrem que é belo e possível viver a gratuidade, ter esperança, construir todos juntos um futuro reconciliado”, afirmou, numa intervenção em italiano, que foi traduzida em inglês para a multidão, com a ajuda de um sacerdote.
A celebração conclui-se com a recitação do ângelus e uma mensagem de agradecimento do Papa a todos os que o acompanharam nesta visita.
Esta foi a quinta viagem de Francisco ao continente africano, onde esteve em 2015, 2017 e 2019, por duas vezes, tendo passado pelo Quénia, Uganda, República Centro-Africana, Egito, Marrocos, Moçambique, Madagáscar e Maurícia.
A visita iniciou-se esta terça-feira, na capital da República Democrática do Congo.
OC