Sudão do Sul: Católicos rezam pela paz em país dizimado pela violência e a fome

Padre José Vieira, antigo missionário na mais jovem nação africana, denuncia crimes como «guerra sexual» contra as mulheres

Lisboa, 23 fev 2018 (Ecclesia) – A Igreja Católica vive hoje uma jornada mundial de oração e jejum pela paz, iniciativa do Papa Francisco que evoca em particular a situação no Sudão do Sul, país dizimado pela guerra e a fome.

O padre José Vieira, antigo missionário na mais jovem nação africana, denuncia à Agência ECCLESIA crimes como “a guerra sexual contra as mulheres”.

“É inadmissível, nos dias de hoje”, assinala.

O sacerdote fala em 2 milhões de refugiados e outros 2 milhões de deslocados internos que vivem “situações humanas difíceis”.

Segundo o provincial dos Missionários Combonianos em Portugal, o Sudão do Sul está no “coração” do Papa, atento a um “país mártir”, no qual o acordo de paz tem vindo a ser “sucessivamente quebrado”.

A crise no Sudão do Sul é agravada pelo conflito que se iniciou em dezembro de 2013, quando o presidente, Salva Kiir, acusou o vice-presidente ex-líder dos rebeldes, Riek Machar, de planear um golpe de Estado.

A jornada mundial de oração e jejum pela paz foi convocada por Francisco a 4 de fevereiro, no Vaticano, alargando o convite a outras confissões religiosas.

“Perante o trágico arrastamento de situações de conflito em diversas partes do mundo, convido todos os fiéis para uma jornada especial de oração e jejum pela paz, a 23 de fevereiro, sexta-feira da primeira semana da Quaresma”, anunciou, desde a janela do apartamento pontifício, após a recitação da oração do ângelus.

“Como noutras ocasiões similares, convido os irmãos e irmãs não-católicos e não-cristãos a associarem-se a esta iniciativa, das formas que julgarem mais oportunas, mas todos juntos”, acrescentou.

O Papa convocou uma jornada semelhante, em setembro de 2013, pela paz na Síria.

A 23 de novembro de 2017, Francisco presidiu a uma oração pela paz no Sudão do Sul e na República Democrática do Congo, no Vaticano.

A instabilidade política, a seca e a crise económica no Sudão do Sul provocaram uma situação de fome generalizada e, segundo as Nações Unidas, cerca de 7 milhões de pessoas precisam de ajuda urgente.

A confederação internacional da Cáritas dedica uma secção especial da sua página oficial à crise no país africano.

Em maio de 2017, o porta-voz do Vaticano, Greg Burke, descartou a possibilidade de uma viagem do Papa ao Sudão do Sul, apesar da vontade de Francisco em visitar o afetado pela violência e a fome.

O projeto de visita apostólico mantém-se em estudo e a viagem poderia acontecer em 2018.

OC

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Agência ECCLESIA

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