Declaração conjunta aponta a crise «avassaladora», com fome e deslocações em massa, por causa da guerra
Roma, 16 abr 2024 (Ecclesia) – A confederação internacional da Cáritas e um conjunto de organizações cristãs apelaram esta segunda-feira a uma resposta “muito maior” da comunidade internacional à “avassaladora” crise no Sudão.
“Apelamos à comunidade internacional para que não abandone o povo do Sudão, apesar da atenção dada aos conflitos noutros locais”, refere a declaração conjunta, divulgada por ocasião da Conferência Humanitária Internacional para o Sudão e os países vizinhos, que decorreu em Paris.
A Cáritas considera urgente o reforço do apoio humanitário internacional para “mitigar a enormidade do sofrimento do povo”, alertando para a “vasta escala de necessidades e o subfinanciamento da resposta”.
“Apelamos também a um empenhamento internacional muito mais assertivo e coordenado na procura de um maior acesso humanitário (incluindo a facilitação de operações transfronteiriças a partir do Chade e do Sudão do Sul), de soluções diplomáticas para conseguir um cessar-fogo urgente e o fim de um conflito que criou agora a maior crise de fome do mundo em 2024”, acrescenta o documento, divulgado online.
Um ano após o início dos combates entre as Forças Armadas do Sudão (FAE) e as Forças de Apoio Rápido (FAR), mais de 8 milhões de pessoas foram obrigadas a abandonar as suas casas em busca de segurança dentro e fora do Sudão, segundo as Nações Unidas.
Juntamente com os 3,8 milhões de pessoas deslocadas internamente devido a conflitos internos anteriores, o Sudão enfrenta atualmente a maior crise de deslocamento interno do mundo e a mais significativa crise de deslocamento de crianças, com mais de 3 milhões de menores deslocados dentro e fora do país”.
Segundo organizações cristãs de solidariedade que atuam no terreno, cerca de 18 milhões de pessoas em todo o Sudão – quase um terço da população- enfrentam atualmente uma situação de insegurança alimentar aguda.
A situação é agrava por surtos de doenças, incluindo a cólera.
“Nesta crise avassaladora, a facilitação de operações transfronteiriças a partir do Chade e do Sul do Sudão é crítica e urgentemente necessária. Dada a redução radical da produção dos principais cereais de base do Sudão, o sorgo e o painço, a crise humanitária, especialmente no Darfur, vai apenas agravar-se”, adverte a declaração conjunta.
OC