Porta-voz do Vaticano sublinha clima de respeito e de diálogo na visita à ilha
Lisboa, 15 jan 2015 (Ecclesia) – O Vaticano revelou hoje que o Papa Francisco visitou na quarta-feira um templo budista em Colombo, ao regressar da sua deslocação ao Santuário de Nossa Senhora de Madhu, no norte do Sri Lanka.
A visita, que não estava programada, aconteceu em resposta ao convite de um monge, que participou no encontro inter-religioso de terça-feira na capital do antigo Ceilão.
“O Papa aproveitou o tempo que teve para fazer uma rápida visita ao centro, em que está também o templo e a sala religiosa de oração desta comunidade budista. Foi acolhido com grande familiaridade”, relata o porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi, em declarações publicadas no portal ‘news.va’, da Santa Sé.
O sacerdote jesuíta considera que o convite e a forma como decorreu esta visita foram um “sinal de respeito, de honra, de amizade por esta grande autoridade religiosa”.
O Papa falou desta visita durante o voo papal entre Colombo e Manila, explicando os motivos que o levaram a aceitar o convite.
“Há no povo, que nunca erra, algo que os une e se eles estão assim naturalmente tão unidos para ir rezar a um templo que é cristão [santuário de Madhu], mas não só cristão, como é que eu poderia deixar de ir a um templo budista?”, questionou.
Francisco recordou que a Igreja “cresceu muito no respeito pelas outras religiões” ao longo dos séculos e que o Concílio Vaticano II (1962-1965) “falou do respeito pelos seus valores”.
Ainda em Colombo, o Papa encontrou-se ainda com os 20 bispos do Sri Lanka, após ter cancelado a reunião inicialmente prevista para o primeiro dia da visita e que acabou por ser adiada devido a atrasos no programa e ao cansaço de Francisco.
Antes de deixar o país asiático, esta manhã (03h30 em Lisboa), o Papa recebeu na Nunciatura Apostólica o ex-presidente do Sri Lanka, Mahinda Rajapaksa, acompanhado pela sua família.
Para assinalar esta visita de 48 horas, as autoridades do país libertaram 612 detidos, 575 homens e 37 mulheres.
A notícia foi dada pelo administrador penitenciário, Thushara Upuldeniya, citado pelo jornal ‘Daily Mirror’, de Colombo.
Segundo o porta-voz do Vaticano, o Papa Francisco “deu verdadeiramente um contributo absolutamente extraordinário, muito superior ao que se poderia imaginar” para o processo de reconciliação no Sri Lanka, após décadas de guerra civil.
As últimas horas da visita foram marcadas pela Missa em privado, seguida da despedida da Nunciatura Apostólica de Colombo e a transferência para o Santuário de Nossa Senhora de Lanka, em Bolawana, 35 quilómetros a oeste da capital, onde Francisco esteve em oração numa capela que integra o complexo do Instituto Cultural Bento XVI, criado para promover o diálogo e a paz.
Como tradicionalmente, o Papa enviou telegramas aos chefes de Estado cujo território foi sobrevoado durante a viagem rumo às Filipinas, onde chegou por volta das 17h45 locais (09h45 em Lisboa).
OC
Notícia atualizada às 12h43