Sri Lanka: Papa visita antigo Ceilão, com herança católica portuguesa

Francisco vai canonizar padre José Vaz, nascido em Goa

Cidade do Vaticano, 12 jan 2015 (Ecclesia) – O Papa Francisco inicia hoje uma viagem ao Sri Lanka, antigo Ceilão, historicamente ligado à missionação dos portugueses, onde vai canonizar o padre José Vaz, nascido em Goa a 21 de abril de 1651.

A página oficial da visita pontifícia recorda que, apesar de vestígios mais antigos, o Cristianismo “começou a espalhar-se no Sri Lanka apenas com a chegada dos portugueses, no século XVI”.

Uma frota comandada por Lourenço de Almeida chegou a Colombo, a atual capital, a 15 de novembro de 1505, numa altura em que a ilha estava dividida em três reinos: o tâmil a norte e dois cingaleses, no centro e no sul.

Com a autorização do rei de Kotte, Almeida erigiu uma capela em honra de São Lourenço, onde se celebrou uma Missa presidida por frei Vicente, capelão dos navegadores.

À medida que o acesso ao país se foi facilitando, os franciscanos foram enviados para a ilha, pelo que em 1530 já havia alguns religiosos e um pároco, cujo túmulo foi descoberto em 1836.

Segundo o ‘Dicionário de História Religiosa de Portugal’ (Círculo de Leitores, 2000-2001), o primeiro vigário de Ceilão foi o padre Luís Monteiro de Setúbal, que ali viria a ser enterrado em 1536.

Entre 1515 e 1534 Ceilão pertenceu à Diocese do Funchal, passando depois a ser território da diocese de Goa até 1557, data em que foi erigida aquela que será a sua futura diocese até 1836, Cochim.

Em 1543, cinco franciscanos enviados pelo rei D. João III chegaram a Kotte para converter o soberano local, o que viria a acontecer com o rei Dharmapala em 1551.

Esta conversão abriu caminho ao crescimento da fé católica, num esforço de missionação que contou com a participação de outras ordens religiosas, como os jesuítas ou os dominicanos.

A meio do século XVII, os holandeses chegaram à ilha e expulsaram os portugueses, ocupando os seus territórios, ao que se seguiu a proibição do catolicismo.

É neste contexto que decorreu a ação do padre José Vaz, natural de Goa, que entrou no Sri Lanka, disfarçado, para ajudar os católicos.

O missionário do Sri Lanka, como é conhecido, morreu a 16 de janeiro de 1711 e a sua proclamação como santo contou com os votos favoráveis da Congregação para as Causas dos Santos em relação a este processo, sem exigir um novo milagre.

José Vaz, sacerdote da Congregação do Oratório, foi beatificado por São João Paulo II em janeiro de 1995, também durante uma viagem ao Sri Lanka.

O futuro santo foi recordado, na sua beatificação, como “um grande padre missionário”, tendo vivido de forma pobre numa época de perseguição aos cristãos, apesar de ter nascido numa família da casta dos brâmanes.

O sacerdote foi preso e ajudou clandestinamente as comunidades católicas, celebrando Missa de noite, para além de ter traduzido o Evangelho para as línguas tâmil e o cingalês.

Durante a cerimónia de canonização, esta quarta-feira, o arcebispo de Goa e Damão, D. Filipe Neri Ferrão, vai apresentar a biografia do novo santo.

A Igreja Católica tem hoje cerca de 1,4 milhões de fiéis (6,1% da população) num país maioritariamente budista, representando a maior confissão cristã na ilha.

Em 1947, a Virgem Maria foi proclamada padroeira da nação, com o título de Nossa Senhora de Lanka.

OC

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