A Catredral gótica de SS Michele e Gudule celebrou, na última de sexta-feira, o rito da reconciliação. Metade da Catedral está reservada para que as pessoas se sentem no chão, em simplicidade, em espírito de Taizé. Lá fora estão os que não conseguiram entrar (por a Catedral já estar cheia). Entre os presentes, a rainha Fabiola, da Bélgica. Ecrãs gigantes montados no exterior permitem o acompanhamento da celebração. Os irmãos da Comunidade de Taizé estão sentados no chão em frente do altar. Atrás, encontram-se os Cardeais. Uma cruz de Taizé está diante do altar rodeado de velas. A cerimónia é rezada em várias línguas, português incluído. Os diversos instrumentos musicais dão o tom, não só para o coro maioritariamente juvenil, mas também para toda a assembleia que entoa os cânticos de Taizé. Três irmãos da Comunidade sobem ao altar acompanhados de crianças e falam aos presentes. “Como queremos transmitir a paz para os mais pequenos e para o mundo?” “A reconciliação é Deus quem a dá, mas devemos celebrá-la para depois a transmitir, pois ela revela a alegria do perdão que liberta. A vida quotidiana faz-nos esquecer a oração. Mas à noite ou de manhã, rezemos. A Igreja, as comunidades, as paróquias, os grupos de jovens, todos devem cultivar a paz. A unidade da Igreja é já uma forma de reconciliação para a humanidade. Jesus Cristo, pobre e para os pobres, deu-nos a coragem para transmitir a esperança.” Os muitos sacerdotes presentes começam agora a celebrar individualmente a reconciliação, enquanto se recomeça a cantar. “Mas cada um continuará a rezar por todos aqui”, refere um dos irmãos ao descer do altar. A cruz desce e é deitada no chão. À sua volta ajoelham-se os irmãos da comunidade e o Cardeal Danneels, prostrando-se diante da cruz. Este gesto será continuado durante várias horas por todos que se encontram dentro e fora da Catedral. Percebendo a reportagem da Agência ECCLESIA, um congressista belga desloca-se para dizer que “a fé não está morta. As igrejas na Bélgica estão vazias, mas os que continuam a ir, são muito fortes”, diz sorrindo. O irmão Nicholas, de Taizé, diz que ficaram muito comovidos pelo convite do Cardeal Danneels para se juntarem ao Congresso nesta noite. “Quisemos rezar junto das pessoas da Bélgica, ou de outros países, de uma forma simples”, afirma. “Transmitir que é possível voltarmo-nos para Deus. A oração pode apenas ser o silêncio, pois quem permanece em silêncio na presença de Deus, está a rezar”. O silêncio é grande parte do que as pessoas procuram em Taizé, mas “queremos convidar as pessoas a ter uma experiência de vida comunitária, onde existe oração e reflexão, mas também uma vida diária”, sublinha. “Estamos muito felizes por aqui estar. A Catedral, sendo um monumento, é também uma igreja. E as pessoas sentem-se acolhidas aqui”.