Patriarca de Lisboa presidiu à inauguração da remodelação do Refeitório Rosália Rendu, das Irmãs Vicentinas, que distribui cerca de 200 refeições por dia

Lisboa, 22 nov 2025 (Ecclesia) – As Irmãs Vicentinas inauguraram o Refeitório Rosália Rendu, numa cerimónia presidida pelo Patriarca de Lisboa, esta sexta-feira, e passam poder acolher quem procura uma refeição quente, espaço para a higiene pessoal e tem “fome de carinho”.
“Há muita fome de pão na cidade, mas também há muita fome de carinho, de atenção, de compreensão, de tudo o que é necessário para a afetividade, para o aconchego, para as pessoas se sentirem seres humanos, dignos de viver”, disse à Agência ECCLESIA a Irmã Alzira Santos, religiosa das Filhas da Caridade de São Vicente de Paulo, responsável pelo Refeitório Rosália Rendu.
Situado em Lisboa, junto à casa provincial das Irmãs Vicentinas, o Refeitório Rosália Rendu dá alimentos a quem precisa há 20 anos e, desde o início da pandemia, deixou de servir refeições quentes no seu espaço por causa do aumento dos pedidos, distribuindo-as de segunda a sexta-feira aos seus utentes e suas famílias.
Com as obras de remodelação agora inauguradas, vai ser possível acolher os 50 utentes do refeitório social, distribuir cerca de 200 refeições de segunda a quinta-feira e, à sexta, 300, para além de possibilitar lavar a roupa e cuidar a higiene pessoal.
Para a irmã Alzira Santos, é necessário que as pessoas “se sintam livres” no espaço agora inaugurado para receber o prato quente e também “a presença de outros”, sejam utentes ou voluntários, acreditando que se vão criar ocasiões de “interajuda de um lado e do outro”.
Isabel Antunes é coordenadora dos voluntários do Refeitório Rosália Rendu e lembra que “há muita gente que precisa deste espaço na direção da dignidade” porque, em muitos casos, é “única refeição que farão à mesa” por dia.
“Este espaço vai permitir também que estas pessoas de rua possam tomar um banho e possam lavar aqui a roupa, que foi uma coisa que deixou de acontecer há vários anos. Com a pandemia, nós passámos a triplicar o número de utentes e, portanto, perdemos a capacidade de os receber. De facto, este é um passo gigante para acolhermos todos de uma maneira fantástica”, afirma a voluntária.
Isabel Antunes refere também que “muito mais importante que a comida” que é dada a cada pessoa “é o acolhimento que aqui se faz”, sublinhando que o amor que é distribuído e recebido “faz a diferença neste espaço”.
Tanto os voluntários que aqui estão como as irmãs têm a capacidade de acolher estas pessoas com uma dignidade e com um amor que eles não sentem lá fora. E, portanto, a humanização deste espaço é, de facto, um passo muito importante”.
Os alimentos servidos no Refeitório Rosália Rendu e distribuídos pelos seus utentes resultam da generosidade das Irmãs Vicentinas, que “são a fonte principal desta casa”, e da oferta de “um grupo grande de benfeitores”, que doam o que sobra, seja da produção diária seja de eventos sociais, e são recolhidos por um grupo de voluntários.
A cerimónia de inauguração do Refeitório Rosália Rendu, após obras de remodelação e ampliação, foi presidida pelo Patriarca de Lisboa, que afirmou em declarações à Agência ECClESIA que se trata de uma obra “profética”, que resulta de “tantas disponibilidades” e permite respostas múltiplas a quem precisa e a quem tem a rua por abrigo.
Para além de ser um espaço que, enquanto refeitório, oferece comida, oferece também possibilidade de higiene, mas oferece tantas outras coisas: tem aqui um naipe de voluntários que estão para escutar, para ouvir, para atender, para acolher a história que cada um e cada uma dos que nos vão procurar trazem consigo”.
D. Rui Valério disse que é preciso estar atento à necessidade de “dar resposta a emergências sociais”, acrescentando que é importante haver “uma estruturação de ação que brota não apenas daquilo que urge fazer”, também da “valorização do ser humano” e do “valor da cooperação” entre todas as pessoas, no contexto da crescente mobilidade internacional.
“É um momento não de acentuar as polarizações ou as divergências. Nós estamos na urgência de redescobrir o valor da cooperação, o valor do consenso, o valor de juntarmos novamente as mãos.Porque, de facto, esse é que é o caminho”, afirmou.
O refeitório social dirigido pelas Irmãs Vicentinas, em Lisboa, tem o nome da Filha da Caridade de São Vicente de Paulo Rosália Rendu, que se distinguiu pela dedicação aos menos favorecidos, em França, e foi beatificada pelo Papa João Paulo II no dia 9 de novembro de 2003.
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