Solidariedade: Sociedade quer esconder pessoas com deficiência

«A minha vida não pode continuar igual», afirma voluntária após sete dias em iniciativa financiada pelo Santuário de Fátima

Fátima, Santarém, 28 ago 2012 (Ecclesia) – É preciso contrariar o estigma das pessoas com deficiência e vincar a sua dignidade, considera uma voluntária que durante sete dias acompanhou em Fátima um programa de férias para pais de filhos deficientes.

“A sociedade quer estas pessoas escondidas, metidas num quarto”, frisou Rita Sousa Rego em declarações à Agência ECCLESIA, acrescentando que “uma das coisas muito erradas no mundo é considerar que só pessoas jovens, bonitas e ricas é que podem aparecer, enquanto que as outras não prestam”.

A profissional da área da comunicação de 49 anos, que nunca tinha prestado auxílio em permanência a pessoas com deficiência profunda, estreou-se na última semana na iniciativa que as religiosas dos Silenciosos Operários da Cruz promovem pelo sétimo ano consecutivo.

“Vinha com grande expectativa e não sabia o que ia encontrar. Mas sabia que quando nos comprometemos com Deus em qualquer tarefa é tudo bom, por mais que haja medos”.

No primeiro dia encontrou um “ambiente pacífico e uma segurança enorme” por parte das religiosas e do padre que acompanha o programa financiado integralmente pelo Santuário de Fátima.

“As pessoas com deficiência são muito dóceis e é comovente ver como confiam em quem trata delas”, contou a voluntária, que sublinhou a “riqueza” de um relacionamento que tem de encontrar alternativas à palavra falada.

Enquanto membro dos Servitas de Nossa Senhora de Fátima está habituada a testemunhar as angústias e esforços físicos dos peregrinos que se dirigem ao santuário da Cova da Iria, pelo que é sensível “ao tesouro de um sofrimento entregue a Deus pelos outros”.

“Não quero deixar que esta semana fique por aqui. A minha vida não pode continuar igual. Não posso esquecer do que estou a ver e de como esta gente está esquecida e do valor que têm como pessoas”, salientou.

A experiência é “para repetir, sem dúvida”, até porque quer manter o contacto com o trabalho “espantoso” realizado pelas religiosas: “O que mais me marca é o amor que se vive aqui”.

“Vou levar um amor enorme por toda a gente. Toda a gente é necessária e não se pode excluir ninguém. Somos todos iguais em valor e dignidade. Não temos de ter complexos”, afirmou, antes de referir que tem pensado “em muitas pessoas que não creem em Deus e de como elas iriam gostar de acompanhar a iniciativa”.

RJM

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