Solidariedade: Secretário-geral da Cáritas Europa em Portugal para falar com Governo

Jorge Nuño Mayer apresenta relatório sobre impacto da crise

Lisboa, 06 mar 2013 (Ecclesia) – O Secretário-geral da Cáritas Europa, Jorge Nuño Mayer, vai estar hoje em Lisboa para falar com representantes do Governo e apresentar publicamente o relatório sobre “O Impacto da Crise Europeia” em Portugal, Espanha, Itália, Grécia e Irlanda.

Durante a manhã os representantes da Cáritas Europa e Portuguesa reúnem-se com o Executivo, estando igualmente previsto um encontro com várias membros de “entidades nacionais de vários quadrantes”, refere um comunicado enviado à Agência ECCLESIA.

O documento sobre as consequências das dificuldades económicas, apresentado a 14 de fevereiro em Dublin, denuncia as consequências negativas da austeridade na população mais carenciada e aponta alternativas.

“Todos os países precisam de reconhecer que o desenvolvimento não é apenas económico e que existe uma inegável inter-relação com a dimensão social”, salienta um a Cáritas Portuguesa, que participou na elaboração do relatório.

As organizações católicas consideram que “a solução de impor medidas de austeridade e reformas estruturais destinadas a reduzir a dívida pública e a relação dívida/PIB deixará de funcionar em termos económicos dentro de poucos anos”.

As Cáritas dos Estados “mais severamente afetados” pela crise “confrontam-se diariamente com cada vez mais pedidos de apoio de pessoas que ficaram numa situação de vulnerabilidade”, refere a nota, sublinhando que “a austeridade, por si só”, não resolve o problema e “está a colocar em risco a coesão social”.

Em quatro dos cinco países analisados verificam-se níveis de desemprego “bem acima da média da União Europeia”, enquanto que a falta de trabalho para os jovens atinge todos os Estados, o mesmo acontecendo com a desocupação de longa duração, que “está a tornar-se estrutural”.

O estudo, que vai ser apresentado à comunicação social portuguesa às 15h00, na sede da Cáritas Portuguesa, em Lisboa, menciona também o “aumento da pobreza na maioria dos países”, com as carências ao nível da infância a atingirem todos os estados desde 2007.

O apoio familiar, “característica tradicional” nos Estados analisados, está sob “grande pressão”, constatando-se igualmente lacunas nos sistemas de proteção social, que não abrangem “grupos em extrema dificuldade”, como trabalhadores informais e aqueles que chegam ao final do pagamento dos subsídios de desemprego.

“Apesar da retórica ser contrária, existe atualmente falta de integração de políticas económicas e sociais e a falta de um compromisso de longo prazo para uma sociedade inclusiva”, indica a Cáritas Europa, acrescentando que “as pessoas que atualmente pagam o preço mais alto não participaram nas decisões que levaram à crise”.

O relatório pede às instâncias europeias que liderem o processo com vista “à proteção de grupos de risco de situações de pobreza”, e introduzam a “monitorização social” em Portugal, Grécia e Irlanda, países “intervencionados” pela ‘troika’.

Assegurar que os fundos estruturais de 2014 a 2020 combatam a pobreza e liderar iniciativas para diminuir o desemprego entre os jovens são também prioridades que as organizações políticas do Velho Continente devem assumir.

RJM

Partilhar:
plugins premium WordPress
Scroll to Top