Solidariedade: Presidente da República vestiu a camisola da Comunidade Vida e Paz na Festa de Natal

Instituição Católica recebeu 369 convidados no primeiro dia de festa, que termina este domingo

Foto Presidência da República

Lisboa, 22 dez 2018 (Ecclesia) – O presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa conviveu com convidados e voluntários da Festa de Natal que a Comunidade ‘Vida e Paz’ (CVP) organiza para pessoas em situação de sem-abrigo e famílias, na Cantina da Cidade Universitária.

“Desejar um bom Natal a todos, dentro do que é possível, sabendo como é difícil a vossa vida. Que seja dentro disso o melhor Natal possível para vocês, para aqueles que são queridos, com quem vivem, os vossos familiares”, disse Marcelo Rebelo de Sousa, esta sexta-feira.

O presidente da República que percorreu as várias áreas da festa e vestiu a camisola da Comunidade Vida e Paz conversou com os convidados da festa e os voluntários na Cantina da Cidade Universitária.

Marcelo Rebelo de Sousa desejou também o melhor Natal possível a todos os presentes e “muitos outros que estão pelo país todo que muitas vezes estão sozinhos, isolados, ao frio noites fora, meses, anos e anos”.

“Que o ano que vem seja também se possível um bocadinho melhor na vossa vida e de todos os portugueses”, referiu ainda sobre o novo ano de 2019.

A Comunidade Vida e Paz informa que no primeiro dia da festa, que termina este domingo, foram recebidos 369 convidados e servidas, por exemplo, 669 refeições.

Foto Comunidade Vida e Paz

Desde esta sexta-feira, os convidados têm, por exemplo, uma área dedicada à saúde, com exames médicos de diagnóstico, vacinação contra a gripe, rastreios, área de distribuição de roupa, zona de higiene onde podem tomar banho, cortar o cabelo e a barba e um fotógrafo.

Outra área importante é da cidadania que registou um aumento de 40% em relação ao primeiro dia da Festa de Natal 217.

Foram realizados 95 atendimentos na mini loja do cidadão onde podem fazer o Cartão de Cidadão na hora, e existem entidades como a Segurança Social, a Santa Casa da Misericórdia, alcoólicos e narcóticos anónimos, advogados.

“São pessoas que não têm a mesma facilidade que nós em ir junto destas instituições, não estão tão integradas na sociedade”, explica a coordenadora da área da cidadania em declarações à Agência ECCLESIA.

Inês Paulino realça que procuramos ter pessoas de associações que “possam dar resposta ao problema”, que possam falar e agilizar os diversos tipos de processos e situações dos convidados.

A 30.ª edição da festa “calha mesmo em cima do Natal” e é importante “ver o carinho que estão a receber que não vão ter na noite de Natal”.

“Tem importância especial na vida delas e natal é ali nestes dias”, observa, salientando que a Comunidade Vida e Paz proporciona “é mais do que um jantar de Natal” mas também tentam “satisfazer algum tipo de necessidades imediatas”.

Para a entrevistada este evento marca também “um ano de voluntariado” e considera que é um “momento muito marcante que se leva para o ano todo” e os convidados “vão recordar-se disso, da festa, vão falar disso o ano todo e talvez seja o fazer acontecer Natal”.

Inês Paulino conta que leva “sempre amigos” para serem voluntários que “gostam de ver e de participar” e acabam por compreender melhor a sua “dedicação e motivação” para além de “conheceram outra realidade”.

“Quem não tem t-shirt é convidado e também recebemos famílias carenciadas, apoiadas pela comunidade, e nem sempre é tão visível que alguém precise de ajuda. Isso faz alguma impressão, ver a dimensão, a quantidade de pessoas”, desenvolveu.

“Há situação que choca que é ver que muitos dormem à porta, perto, para poderem voltar no sábado, no domingo. Traduz muito do que esperam destes dias”, acrescenta a voluntária da CVP.

Foto Comunidade Vida e Paz

Em declarações à Agência ECCLESIA, o coordenador da área da espiritualidade da Festa de Natal explica que a espiritualidade “tem amor, que não se vê, que se sente apenas”, ao contrário de outros setores com “coisas tangíveis” onde se “agarra, toca e mexe”.

“É uma área que é um desafio muito grande. É difícil, quando dizemos Deus ama a todos. É difícil, ele olha para mim, para ele, e se calhar não vê isso”, disse Rui Sousa.

Da experiência de voluntário há 11 anos explica que as pessoas “criam muitas barreiras”, o que é normal”, afinal quem vive na rua é uma pessoa “que é maltratada” e que fez “muitos disparates na vida”, e desconfia “de tudo e todos”.

O coordenador da área da Espiritualidade da Festa de Natal da CVP observa que nesta altura há solidariedade por todo o lado, “toda a gente se lembra e bem”, mas as pessoas precisam de “amor o ano todo”.

“Nunca fui grande entusiasta da festa, porque entendo que natal tem de ser ano todo, mas há um ponto alto, mais-valias que se podem trazer na festa porque não estamos no espaço dele (pessoa em situação de sem-abrigo), nem no nosso, mas num meio interessante com muito convivo, bastante festa, e os serviços da comunidade, como o Espaço Aberto ao Diálogo”, desenvolve.

Neste contexto, Rui Sousa destaca as “taxas de sucesso” na festa de Natal que vai na 30.ª edição porque “consegue-se conversar melhor com as pessoas” e ajudar “as que quiserem” a mudar de vida.

Um inquérito realizado entre fevereiro e maio, no quadro da Estratégia Nacional para a Integração das Pessoas em Situação de Sem-Abrigo, identificou 3396 pessoas sem teto ou sem casa em Portugal continental, segundo dados apresentados a 23 de novembro; No inquérito em 278 concelhos de Portugal continental foram ainda identificadas cerca de 11 mil pessoas em situação de risco.

Em 2017 a Festa de Natal contou com a presença de 1492 convidados, mais de 1300 voluntários: 757 pessoas na área da saúde, 307 recorreram ao espaço da cidadania, foram servidas mais de 4 mil refeições e, o mais importante, “91 pessoas solicitaram ajuda à equipa técnica da Comunidade Vida e Paz”.

SN/CB

https://www.facebook.com/Comunidade.Vida.e.Paz/videos/909275049283798/

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Agência ECCLESIA

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