Ajuda aos carenciados não pode resumir-se à «criação do centro social paroquial» nem a «ações pontuais de assistência aos mais pobres»
Fátima, Santarém, 15 set 2011 (Ecclesia) – O presidente da Caritas Portuguesa, Eugénio Fonseca, considera que a criação de um serviço de ação social nas mais de 4350 paróquias da Igreja Católica pode ajudar o Governo a definir políticas de solidariedade.
“Se esses grupos tivessem como preocupação a análise da realidade e depois a comunicassem a uma instância mais global, que pode ser a Caritas ou o Observatório Social que a Conferência Episcopal vai criar, a Igreja teria um instrumento fundamental de apoio aos governantes, para que pudessem identificar com maior objetividade os problemas e encontrar as soluções mais adequadas”, disse o responsável à ECCLESIA.
A comissão episcopal responsável pelos organismos católicos ligados à atuação caritativa lançou esta quarta-feira um conjunto de “indicações práticas” que apelam ao estabelecimento de equipas de ação social nas paróquias.
Entre as tarefas a realizar por estes organismos, já existentes em várias comunidades, estão a recolha, “com discrição e precisão”, de dados sobre a realidade” e a colaboração “na procura de soluções para os problemas das pessoas que a paróquia acompanha”, envolvendo “entidades públicas e privadas” nesse processo.
Cada paróquia “tem o dever” de implementar uma “caridade organizada”, frisou Eugénio Fonseca, acrescentando que a solidariedade cristã não pode resumir-se à “criação do centro social paroquial” nem a “ações pontuais de assistência aos mais pobres”.
Sem esta estrutura “é muito mais difícil” responder eficazmente “às situações de grande dificuldade económica e social que as pessoas estão a viver”, assinala o responsável, para quem estas equipas podem “dar contributos a quem tem a responsabilidade de fazer as leis e aplicar medidas, para que sejam mais condizentes com as realidades atuais”.
Eugénio Fonseca admite que a Igreja ignora o modo como está disposta a ação caritativa em todas as suas paróquias: “Não conhecemos em concreto as que não têm a organização devidamente estruturada da Pastoral Social, e era preciso conhecer para darmos prioridade à sua constituição, acompanhamento e formação”.
As atribuições destas equipas incluem “fazer suscitar em toda a comunidade cristã” a “consciência de compromisso social”, afirmou o presidente da Caritas, salientando que “a Igreja, na sua ação social, está para todos os problemas e para todas as pessoas”.
O responsável acredita que o documento com as orientações práticas, divulgado durante o 27.º Encontro da Pastoral Social que termina hoje em Fátima, “vai ter o impacto que merece junto de todos os cristãos”.
As medidas propostas “não resultam da teoria que os bispos que fazem parte da Comissão Episcopal da Pastoral Social (CEPS) possam ter devido ao saber que foram adquirindo, mas por muita da experiência na vivência das suas Igrejas particulares”, sublinhou Eugénio Fonseca.
A CEPS é presidida por D. Carlos Azevedo, um dos dois bispos auxiliares de Lisboa, tendo como vogais D. José Alves, arcebispo de Évora, D. Manuel Felício, bispo da Guarda, e D. Januário Torgal Ferreira, bispo das Forças Armadas e de Segurança.
LFS/RJM