«Esta clínica não é apenas uma ferramenta da medicina, mas uma mensagem: o mundo não se esqueceu das crianças de Gaza», afirma o secretário-geral da Cáritas Jerusalém

Cidade do Vaticano, 23 mai 2025 (Ecclesia) – A Cáritas Internacionalis informou hoje que o Papamóvel de Francisco, usado “para cumprimentar as multidões”, já é “uma clínica de emergência” para prestar “cuidados médicos urgentes às crianças em Gaza”, uma transformação da Cáritas Sueca para serviço da Cáritas Jerusalém.
“Esta não é apenas uma intervenção médica, é a nossa responsabilidade moral perante uma catástrofe que se está a desenrolar”, disse o secretário-geral da Cáritas Jerusalém, Anton Asfar, num comunicado enviado, esta sexta-feira, dia 23 de maio, à Agência ECCLESIA, pela Cáritas Internacionalis.
O Papamóvel de Francisco foi transformado numa unidade móvel de saúde para as crianças da Faixa de Gaza, o agora ‘Veículo da Esperança’ vai levar “cuidados de saúde pediátricos essenciais a áreas onde hospitais e clínicas foram destruídos”.
“Todos os dias, vemos crianças com ferimentos por estilhaços, queimaduras, ossos esmagados, infeções e desidratação. Cada vez mais crianças estão subnutridas e correm o risco de morrer de fome, são condições que poderíamos tratar, se tivéssemos as ferramentas”, destacou um membro da equipa médica da Cáritas em Gaza, acrescentando que esta clínica móvel dá “a hipótese de chegar até eles antes que seja tarde demais”.
A transformação do Papamóvel de Francisco foi realizada pela Caritas Suécia que instalou na nova unidade de saúde equipamentos para diagnósticos, exames e tratamento de patologias, incluindo testes rápidos de infeção, instrumentos para diagnosticar enfermidades, vacinas, kits de sutura e outros suprimentos vitais.
O secretário-geral da Cáritas sublinha “o dever de agir” num contexto onde “o sistema de saúde foi destruído e as crianças estão a morrer”, por isso, a iniciativa ‘Veículo da Esperança’ representa o “compromisso em chegar aos mais vulneráveis”.
“Devemos lembrar ao mundo que é nosso dever proteger a vida de todas as crianças, em todos os lugares; Salvámos vidas, esta é a nossa missão e a nossa responsabilidade enquanto agentes humanitários. Esta clínica não é apenas uma ferramenta da medicina, mas uma mensagem: o mundo não se esqueceu das crianças de Gaza”, desenvolveu Anton Asfar.
O comunicado destaca que a Cáritas de Jerusalém tem “décadas de experiência” na prestação de cuidados de saúde e de “ajuda em Gaza em condições extremamente difíceis”, com mais de 120 funcionários médicos e de logística está preparada para colocar o Papamóvel o ‘Veículo da Esperança’ no terreno, “após receber a autorização de acesso”.
“Há uma forte e crescente preocupação em todo o mundo com o bem-estar das crianças de Gaza”, disse o padre Ibrahim Faltas, representante da Custódia da Terra Santa que facilita a missão da Cáritas de Jerusalém.
O Papa Leão XIV apelou ao fim do conflito na Faixa de Gaza e à entrada da ajuda humanitária, alertando que “é cada vez mais preocupante e dolorosa a situação na Faixa de Gaza, esta quarta-feira, dia 21 de maio, na primeira audiência pública semanal a que presidiu.
“Renovo o meu veemente apelo para que seja permitida a entrada de ajuda humanitária digna”, disse Leão XIV, na saudação aos peregrinos de língua portuguesa, presentes na Praça de São Pedro, no Vaticano.
O Papa norte-americano convidou israelitas e palestinianos a “pôr fim às hostilidades”, alertando para um “preço devastador pago pelas crianças, pelos idosos, pelas pessoas doentes”.
A Fundação pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) informa que Gaza não recebeu ajuda humanitária, “durante três meses”, segundo o pároco da Paróquia da Sagrada Família, a única paróquia católica do território está “a racionar tudo” antes de “distribuir [ajuda] aos refugiados do complexo e às pessoas de fora, – atualmente acolhe cerca de 500 pessoas – homens, mulheres e crianças e um grupo de pessoas com deficiência assistidas pelas Missionárias da Caridade – e apoia famílias nas proximidades.
“Dentro do recinto paroquial, estamos a fazer o melhor possível, embora se ouçam muitos bombardeamentos e, por vezes, os estilhaços atinjam o nosso recinto; O mais grave é que ninguém está a falar sobre o fim da guerra ou sobre o direito de ficar aqui, ou de reconstruir casas, de começar de novo, por isso, rezamos e pedimos às pessoas que rezem e trabalhem pela paz”, disse o padre Gabriel Romanelli à AIS, citado na informação enviada à Agência ECCLESIA, pelo secretariado português da fundação pontifícia. A guerra em Gaza foi desencadeada por um ataque liderado pelo Hamas no sul de Israel, em 7 de Outubro de 2023, que provocou cerca de 1.200 mortos e 250 reféns, segundo as autoridades israelitas. Israel lançou em seguida uma ofensiva militar em grande escala na Faixa de Gaza, com milhares de mortos, de acordo com o Governo do Hamas, que controla o enclave palestiniano desde 2007. |
CB