«Há aqueles que trabalham a favor dos vulneráveis e com os vulneráveis, para a resolução dos seus problemas, e aqueles que exploram a vulnerabilidade», refere Rita Valadas
Lisboa, 13 dez 2020 (Ecclesia) – Rita Valadas, nova presidente da Cáritas Portuguesa, alertou em entrevista à Agência ECCLESIA e a Renascença para o aumento da pobreza e do desemprego, por causa da pandemia.
“Pessoas que não estavam habituadas a ter de depender de terceiros, para sustentar a família e garantir o seu dia a dia, vêm a nós e vêm com situações bastante aflitivas. Não são pessoas que estejam habituadas a uma subsidiodependência, a ter de pedir”, precisa a responsável, na entrevista conjunta que é publicada e emitida aos domingos.
Rita Valadas tomou posse na última quinta-feira para um mandato de três anos como presidente da Cáritas Portuguesa.
A entrevistada destaca o risco de aproveitamento político da crise sanitária e económica.
“Há aqueles que trabalham a favor dos vulneráveis e com os vulneráveis, para a resolução dos seus problemas, e aqueles que exploram a vulnerabilidade. Há sempre quem serve e quem se serve”, observa.
A responsável destaca o simbolismo de a Conferência Episcopal ter escolhido uma mulher para presidir à Cáritas Portuguesa.
“Encaro isso com muita naturalidade, mas acho que é um sinal que dignifica muito a Igreja. Penso que muita gente se vai sentir alinhada com esse pensamento”, refere.
Rita Valadas sublinha que a Cáritas é a instituição “mais capilar” que existe.
Se a Cáritas não chegar, ninguém lá chega. A aposta é tentar olhar para os escondidos, realmente, para aqueles que não sendo naturais deste processo, precisam de ajuda e estão escondidos por vergonha ou outras questões”.
A presidente da Cáritas Portuguesa admite que em situações de grande crise “há sempre o risco da sobreposição de recursos”.
“Ninguém consegue resolver nenhuma crise sozinho e os recursos de todos têm de ser colocados à fruição dos mais vulneráveis”, aponta.
Questionada sobre a vacinação contra a Covid-19, Rita Valadas admite que possam existir dificuldades, sobretudo com a população idosa institucionalizada, e defende e necessidade de “rentabilizar os recursos”, para que as vacinas cheguem “o mais próximo possível” das populações.
O Governo criou uma comissão de coordenação para elaborar, até 15 de dezembro, a estratégia nacional de combate à pobreza, trabalho em que a Cáritas foi chamada a participar.
A responsável lamenta que em 2020 não tenha sido ainda possível superar a pobreza e a exclusão, desejando uma estratégia que “utilize os recursos já existentes e o conhecimento que existe sobre os diferentes tipos de pobreza”.
Henrique Cunha (Renascença) e Octávio Carmo (Ecclesia)