Presidente da instituição diz que aposta das políticas públicas deve passar por ajudar famílias de origem
Lisboa, 19 dez 2021 (Ecclesia) – A presidente da ‘Ajuda de Berço’, em Lisboa, destacou o trabalho realizado pela instituição no apoio a crianças desprotegidas, pedindo maior investimento no apoio às famílias de origem.
“O Natal na Ajuda de Berço faz-se todos os dias, o presépio está ali presente sempre: a fragilidade, a vulnerabilidade, a pobreza e a disponibilidade de quem abraça estes Meninos Jesus que chegam à Ajuda de Berço”, disse Sandra Anastácio, convidada desta semana da entrevista semana conjunta Ecclesia/Renascença.
A responsável destaca a “audácia” da Ajuda de Berço para assumir “as crianças mais difíceis, as crianças que ninguém quer, aquelas que têm mais problemas de saúde, e que estão em situação de abandono”.
A instituição inaugurou uma nova casa, em outubro, para acolher 15 crianças com estas caraterísticas.
“Infelizmente, as crianças que ninguém quer são estas, que estão mais frágeis, mais vulneráveis, e que têm mais problemas de saúde”, indicou Sandra Anastácio.
A presidente da Ajuda de Berço desafia “quem quer fazer a diferença na vida de uma criança” a ir ao encontro das “crianças que estão mais desprotegidas e vulneráveis”.
Eu acho que o problema não está nos processos de adoção, o problema está nas dificuldades das famílias. De facto, a maior parte das crianças que estão institucionalizadas não são encaminhadas para adoção, as famílias é que precisam de ajuda”.
Sandra Anastácio sublinha a importância de um olhar conjunto sobre a família.
“Nós olhamos para o problema de uma criança abandonada, uma criança negligenciada, mas esta criança vem de uma família, representa uma família”, precisa.
A responsável identifica três fatores centrais nestas situações, “saúde, habitação e trabalho”.
“Temos problemas sérios de saúde mental, problemas seríssimos, e finalmente, graças à pandemia, começamos a olhar para a saúde mental das pessoas, em particular, das famílias, em conjunto, e das instituições. Sem isto, não há nada”, acrescenta.
Desde que abriu portas, há quase 24 anos, a Ajuda de Berço acolheu mais de 400 crianças, dos 0 aos 3 anos, em situação de risco ou abandono; neste momento, está a decorrer a campanha solidária ‘darcolo.ajudadeberco.pt’.
“Estamos a fazer agora está força aqui, dos últimos dias do Natal, para ver se o Menino Jesus nos dá um aconchego maior e em janeiro, fevereiro, conseguimos estar todos na casa nova”, refere Sandra Anastácio.
A responsável destaca que a instituição pretende que as crianças se sintam numa casa de família.
“É a responsabilidade maior de todas: naquele tempo provisório da vida de uma criança, temos de cuidar dela, como se mãe fôssemos, mas garantindo àquela criança que a mãe ainda está para vir ou que a mãe vai estar pronta daqui a um tempo”, indica.
Ângela Roque (Renascença) e Octávio Carmo (Ecclesia)