Solidariedade: Misericórdias têm autonomia mas pertencem à Igreja Católica, lembra vice-presidente do Episcopado

Cristãos só chegam ao céu se servirem o próximo, diz D. Manuel Clemente

Porto, 29 jun 2012 (Ecclesia) – O vice-presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, D. Manuel Clemente, sublinhou esta quinta-feira que as Misericórdias têm margem para decidir a sua estratégia mas devem recordar que pertencem à Igreja Católica.

O bispo do Porto lembrou no 2.º Congresso de História da Santa Casa da Misericórdia do Porto que o ordenamento jurídico da Igreja menciona a existência de associações em que os fiéis “se esforçam por fomentar uma vida mais perfeita, por promover o culto público ou a doutrina cristã, ou outras obras de apostolado”.

“Aqui cabem de pleno direito e bom exercício as nossas Misericórdias, quer na sua respeitada autonomia, quer na sua essencial inserção na Igreja de Cristo, onde nasceram, cresceram e legitimamente reencontraram”, afirmou na intervenção publicada no site da diocese portuense.

O historiador considera que é neste enquadramento que as Misericórdias se “definem”, “protegem”, “fortalecem” e “alargam”, continuando uma tradição de cinco séculos que vem do “seu melhor passado para o seu melhor futuro, a bem da sociedade”.

O prelado considera que a crise “não se restringe às dificuldades financeiras que imediatamente a causaram”: “Tem por dentro um escasso equacionamento humano sobre o que cada um é, deseja, pode e deve, não só por si, mas na relação com a vida e com os outros. Tem portanto a ver com a convivência e a solidariedade”.

D. Manuel Clemente sublinhou que o compromisso prático com a caridade é inerente à condição católica: “Na tradição viva do cristianismo autêntico, não se vai ao céu sem passar pela terra, nem se chega a Deus sem servir o próximo”.

O Prémio Pessoa 2009 realçou o “exemplo” de “dedicação ao próximo” na Misericórdia do Porto, que tem “atualidade reforçada pelo tempo que decorre e deve ser ocasião de reencontro e progresso duma humanidade mais solidária e cabal”.

Nas origens das Misericórdias, que remontam há cinco séculos, a eficácia era “reduzida” em comparação com os meios de hoje, mas ainda assim a preocupação assistencial “era mais global e multiplicada, em comparação com reducionismos antropológicos, chãos e tecnocráticos que por vezes se denotam”, frisou.

O Congresso de História, dedicado ao tema “Culto, Cultura, Caridade”, começou esta quinta-feira e termina hoje no Auditório da Fundação da Juventude com a participação de 34 conferencistas.

A ação da Misericórdia do Porto, fundada em 1499, centra-se nas áreas do bem-estar e ambiente, culto e cultura, educação, ensino especial, intervenção social, juventude e saúde, refere o site da instituição.

RJM

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