Presidente da União das Instituições Particulares de Solidariedade Social de Vila Real apela a investimento do Estado para reforçar sustentabilidade do setor
Vila Real, 08 mai 2022 (Ecclesia) – O presidente da União das Instituições Particulares de Solidariedade Social (UDIPSS) de Vila Real defendeu uma “diferenciação positiva” para quem acompanha as populações no Interior, marcado pelo envelhecimento e a desertificação.
“Temos IPSS que se deslocam 35 quilómetros, algumas ainda mais, para ir levar uma única refeição a um casal, ou a um utente. A IPSS não os podem deixar abandonados”, referiu Manuel Borges, em entrevista à Ecclesia e Renascença.
O responsável sublinha que a sustentabilidade das nossas IPSS a nível nacional, é “preocupante”, face ao “forte impacto da pandemia”.
“Todos nós procuramos refletir o menos possível nos nossos utentes essa pandemia, mas não foi sempre possível”, acrescenta.
Manuel Borges precisa que a sustentabilidade das IPSS está “muito dependente” daquilo que o Estado “injeta”, elogiando a “resiliência” das Instituições neste período de crise.
“Estamos constantemente a receber pedidos de Juntas de Freguesia, Câmaras Municipais e outras entidades ligadas à Educação, para que as IPSS se cheguem à frente e atribuam cabazes sempre que possível, para reforçar o apoio alimentar”, relata.
Não temos conhecimento de nenhuma IPSS que tenha fechado, até porque numa altura em que as dificuldades são maiores, as Instituições têm de fazer tudo o que é possível para socorrer as pessoas”.
O presidente da UDIPSS de Vila Real precisa que a comparticipação familiar dos utentes que estão nas respostas sociais é de cerca de 33 e o Estado comparticipa em cerca de 38%.
“O Estado tem de seguramente subir a sua comparticipação, como está prometido, esperamos que rapidamente isso aconteça”, aponta.
O responsável destaca que em várias aldeias há apenas idosos, isolados, o que leva as Instituições a “custos enormes” com deslocações.
“Temos aldeias no Concelho de Vila Pouca de Aguiar que têm dois habitantes e estão completamente isolados. Só vão à feira, sei lá, de mês a mês. Isto não pode ser”, adverte.
Tem de ser um acompanhamento de proximidade, cada vez mais, perante o isolamento que sofreram essas pessoas que estavam nas aldeias”.
Manuel Borges alerta que, durante a pandemia, as pessoas deixaram de ir aos Centros de Dia, provocando dificuldades particulares a estas Instituições.
“Temos de falar com as pessoas, porque se elas não falarem, ainda se isolam muito mais”, defende.
O entrevistado defende maior investimento para fazer regressar emigrantes a Trás-os-Montes e considera que as IPSS poderiam assumir outros serviços, como, por exemplo, “a nível de correios e de pagamentos”.
“Isto tem de ser tratado com a tutela, estamos abertos para isso, certamente”, afirma.
Octávio Carmo (Ecclesia) e Henrique Cunha (Renascença)