Solidariedade: Instituições confiantes no diálogo com o Governo

Presidente da CNIS admite necessidade de rever respostas que nasceram em contexto de crise

Fátima, Santarém, 15 jan 2016 (Ecclesia) – O presidente da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade (CNIS) disse hoje em Fátima que está confiante no diálogo com o Governo, desvalorizando a mudança de cor política.

“A cooperação vai ser boa e vai continuar. Tem havido contactos bastante intensos e muito bons”, disse à Agência ECCLESIA o padre Lino Maia.

Para o entrevistado, as instituições particulares “não são responsáveis” pela universalização dos direitos sociais porque, provavelmente, não conseguem “chegar a todas” as pessoas mas revela-se “convencido” que as prestações de cuidados sociais ao setor privado “vão intensificar-se”.

Neste contexto, refere que o setor particular “é muito importante, inestimável” com a virtude fundamental da “proximidade, gratuidade e capilaridade”, mas o Estado, o Governo tem de verificar se “não há mais vida” para além destas respostas.

A nova secretária de Estado da Segurança Social, Cláudia Joaquim, foi uma das convidadas do Dia CNIS, celebrado hoje, com o tema ‘Desenvolvimento do Estado Social’.

O padre Lino Maia destacou que para si é “um pouco indiferente a cor política” de quem governa, porque o mais importante é o interesse no “bem do povo português”, um princípio que tem sempre presente quando começa o “diálogo” institucional.

"É importante uma articulação para que se chegue a toda a parte mas não só pela nossa via. O Estado tem que superar supletivamente onde não chegamos”, assinala ainda, comentando que “há assuntos que devem ser de facto reequacionados” como a Rede Local de Intervenção Social e as cantinas sociais.

“Há alguma, pouca, reativação da economia e, agora, com os benefícios sociais que vão ser, de algum modo, restituídos nem todas [cantinas sociais] serão necessárias”, analisa o responsável que concorda com uma “avaliação para evitar a eternização” de uma resposta “lançada para o seu tempo”.

O presidente da CNIS assinala ainda que ao longo de 35 anos de vida, a partir do “objetivo muito definido” da “defesa e autonomia” das instituições particulares de solidariedade social, esta confederação associou “naturalmente” outras missões para ser “uma espécie de movimento social e intensificação da cooperação com o Estado”.

Atualmente, a CNIS representa mais de três mil IPSS, desde o apoio à infância, juventude, idosos, pessoas com deficiência que “têm sido inovadoras” e um parceiro “imprescindível” para o Estado.

Este responsável admitiu que existem “assuntos” que devem ser “reequacionados” com o Governo e adiantou que a “reversão” de dois hospitais que iam ser geridos por Misericórdias “tinha sido ponderada”.

“É importante que o avanço não seja demasiadamente apressado. Não está em causa o respeito pelo setor particular, como as Misericórdias”, disse o padre Lino Maia, sobre o cancelamento do acordo de transferência da gestão dos hospitais de Santo Tirso e de São João da Madeira para as Misericórdias locais.

O sacerdote explica que não está muito apreensivo, porque os “processos devem ser aprofundados, continuados, transporta exigências”.

Esta quinta-feira, o Conselho Permanente da Conferência Episcopal Portuguesa manifestou preocupação pelo recuo do Governo nos acordos celebrados com as duas Misericórdias.

PR/CB/OC

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Agência ECCLESIA

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