Solidariedade: Igrejas Cristãs pedem à União Europeia para proteger os vulneráveis no Afeganistão

«É hora de mostrar humanidade no meio da crueldade enfrentada pelos afegãos», afirmam o cardeal Jean-Claude Hollerich e o reverendo Christian Krieger

Bruxelas, 02 set 2021 (Ecclesia) – A Comissão das Conferências Episcopais da União Europeia (COMECE) e a Conferência das Igrejas Europeias (CEC) apelam à União Europeia (UE) e aos Estados-membros para “liderarem esforços comuns de solidariedade” para ajudar os afegãos a “escapar à violência e ao terror”.

“É hora de mostrar humanidade no meio da crueldade enfrentada pelos afegãos, de provar que os valores da UE não são uma retórica vazia, mas princípios orientadores práticos que levam a ações baseadas em padrões éticos, para além de meras considerações políticas ou económicas”, lê-se na declaração conjunta assinada pelo cardeal Jean-Claude Hollerich, presidente da COMECE, e do reverendo Christian Krieger, presidente da CEC.

Na declaração enviada hoje à Agência ECCLESIA, os responsáveis cristãos referem que os refugiados afegãos “não devem ser confundidos com migrantes económicos” e salientam que as decisões relacionadas com a sua permanência devem ser tomadas com discernimento pela União Europeia e pelos seus Estados-Membros, “implementando os valores fundamentais da UE”, defendendo o seu compromisso com a Convenção Europeia dos Direitos do Homem e a Convenção de Genebra.

As Igrejas Cristãs incentivam à criação de corredores humanitários, à reinstalação de pessoas e outras passagens seguras, para levarem os refugiados para lugares “seguros fora do Afeganistão”, e encorajam os Estados-Membros da UE a darem a “segurança de residência” aos afegãos que já estão na União Europeia e a pararem a “deportação” de pessoas para o Afeganistão.

Os presidentes da COMECE e da CEC revelam que estão “profundamente chocados” com “o sofrimento e o desamparo” da população afegã, e estão “preocupados” com as pessoas que ainda precisam de sair do Afeganistão e com os grupos vulneráveis.

Os talibãs tomaram o controlo do Afeganistão e chegaram à capital Cabul no dia 15 de agosto, com a retirada das tropas da coligação internacional encabeçada pelos Estados Unidos da América, e regressam ao poder 20 anos depois de terem governado o país, entre 1996 e 2001.

A declaração apela a todas as partes envolvidas para trabalharem “pela paz”, através do diálogo e do respeito pelo Estado de Direito e pelos direitos humanos.

“Apelamos à comunidade internacional para proteger as pessoas que são alvos da opressão e cujas vidas estão em risco, como atores da sociedade civil, defensores dos direitos humanos, jornalistas, artistas e membros de minorias étnicas e sexuais, bem como cristãos e outras comunidades religiosas”, acrescentam.

Na declaração conjunta, o cardeal Jean-Claude Hollerich e o reverendo Christian Krieger, consideram que a comunidade internacional precisa de uma “reflexão profunda sobre o fracasso da guerra”, e tirar lições para a sua “política externa, de segurança, comércio e desenvolvimento”.

A Comissão das Conferências Episcopais da União Europeia e a Conferência das Igrejas Europeias condenam “todas as formas e expressões de terrorismo” e convidam todos os fiéis a rezar pelos “irmãos e irmãs” do Afeganistão, para que o país encontre “estabilidade e paz de acordo com o respeito pela dignidade humana”.

CB

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Agência ECCLESIA

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