Bispos vão publicar nota sobre o voluntariado e lamentam situações de idosos que são encontrados em casa muito tempo após a sua morte
Fátima, Santarém, 15 Fev (Ecclesia) – A Conferência Episcopal Portuguesa anunciou hoje a publicação de uma nota pastoral sobre o voluntariado, apelando à criação de serviços de “apoio às pessoas que vivem na solidão”.
Em declarações aos jornalistas, em Fátima, o padre Manuel Morujão, secretário da CEP, comentou a este respeito a sucessão de casos de idosos encontrados mortos, muito tempo após o falecimento, na sua própria casa.
Para este responsável, estes são casos que devem “envergonhar” a sociedade e a própria Igreja.
“Como é que as pessoas morrem sós, para além de viverem sós, morrem sós?”, questionou, pedindo mais “apoio de proximidade familiar”, mesmo “substituindo, muitas vezes, as famílias”.
O porta-voz do episcopado lamentou, nesse contexto, “a falta de acompanhamento das pessoas sós, em vida e até na morte”.
O novo documento da CEP vai ser publicado esta quarta-feira, dia 16, como forma de assinalar o Ano Europeu do Voluntariado, que se celebra em 2011.
Para o padre Manuel Morujão, é importante fomentar “iniciativas que procuram que haja uma proximidade, que às vezes falta a nível da solidariedade familiar”.
O voluntariado, prosseguiu, “pode rentabilizar o apoio que é concedido às instituições de solidariedade social, numa linha de proximidade”
“Os voluntários realizam um serviço maravilhoso que muitas vezes não tem concorrentes, ou é por voluntários ou não se realiza”, admitiu.
Ao promover o voluntariado, indicou o padre Manuel Morujão, “a qualidade da vida social e familiar” rentabiliza-se, sobretudo num momento de crise.
“A Igreja entraria em colapso sem o voluntariado”, disse ainda.
Também hoje, o Conselho Permanente da CEP recebeu cerca de 200 mil euros provenientes da campanha de Natal da Rádio Renascença, que se destinam ao fundo social solidário criado pela Igreja em 2010.
O montante corresponde a “mais do dobro” do que é habitual recolher-se, disse o padre Manuel Morujão, elogiando a “generosidade” dos portugueses “em tempo de crise”.
O porta-voz da CEP acrescentou que os donativos demonstram ainda a “confiança nas instituições de solidariedade da Igreja”.