Iniciativa visa criação de serviços paroquiais em todo o país, segundo proposta da Comissão Episcopal da Pastoral Social
Lisboa, 03 dez 2011 (Ecclesia) – A Igreja Católica inicia hoje, em Beja, a preparação de formadores de agentes sociocaritativos, visando a criação de um serviço de ação social em todas as paróquias do país.
Em entrevista ao Programa ECCLESIA, na RTP2, o presidente da Caritas, uma das entidades envolvidas no projeto, explica que se trata do primeiro passo de uma “revolução que tem de ser feita” para que a caridade da Igreja passe a ser “expressão de toda a comunidade”.
Segundo Eugénio Fonseca, esta fase vai estender-se também a Aveiro, “no dia 10 de dezembro”, e uma vez concluída, os formadores vão “ficar à disposição” de todas as dioceses, para transmitirem os seus conhecimentos às pessoas que vão integrar os respetivos grupos de ação social paroquial.
A implementação deste novo serviço, que deverá abranger as mais de 4300 paróquias nacionais, partiu de uma proposta apresentada em setembro pela Comissão Episcopal da Pastoral Social.
[[v,d,2712,Entrevista ao padre José Manuel Pereira de Almeida e Eugénio Fonseca]] O organismo propõe a “articulação” entre os diversos “carismas, serviços e ministérios” existentes em cada paróquia, no sentido de se obterem “respostas para as verdadeiras necessidades das pessoas”, em tempos de crise.
Para o diretor do Secretariado Nacional da Pastoral Social, a existência de um serviço do género em cada comunidade, “com o acompanhamento do pároco”, permitirá integrar “harmonicamente” as valências que trabalham em prol dos mais carenciados, e chegar mais à frente, na resolução dos problemas.
“Em vez de se inventarem estruturas de fora, de cima ou que são copiadas, a articulação faz-se a partir da realidade de cada paróquia”, sublinha o padre José Manuel Pereira de Almeida.
A par de uma “formação atualizada”, que de acordo com o presidente da Caritas, será indispensável para a existência de “agentes à altura dos sinais dos tempos”, o projeto contempla ainda o rejuvenescimento da ação social da Igreja.
“Sem pôr de parte todos aqueles que já estão na ação, porque têm sido eles a dar este testemunho ao mundo da caridade de Deus que passa através da Igreja, temos que trazer pessoas novas”, aponta Eugénio Fonseca.
Face à difícil conjuntura económica e à falta de recursos materiais e humanos, as Caritas diocesanas e paroquiais têm muitos pedidos de ajuda em lista de espera.
Muitos deles são “professores que não ficaram colocados, educadores de infância, até engenheiros que perderam o trabalho”, para os quais são precisas “pessoas que falem a mesma linguagem”, sustenta o responsável nacional da Caritas.
Os promotores dos serviços de ação social paroquial defendem uma “rentabilização de meios”, que envolva também aquelas pessoas que, apesar de aposentadas, têm conhecimentos adequados para “dar um contributo para este projeto”.
PTE/JCP