Solidariedade: Festa de Natal com sem-abrigo demonstrou que «com amor e justiça é possível construir a esperança»

«Ambiente de convívio, mas também de muito acolhimento», permitiu «reduzir a exclusão social», diz presidente da Comunidade Vida e Paz

Lisboa, 17 dez 2012 (Ecclesia) – O presidente da Comunidade Vida e Paz afirmou hoje que o que mais o marcou na Festa de Natal com as Pessoas Sem-Abrigo realizada em Lisboa “foi sentir que com amor e justiça é possível construir a esperança”.

Henrique Joaquim, que participou pela primeira vez na iniciativa enquanto dirigente máximo da instituição católica, disse à Agência ECCLESIA que “há situações onde é necessário satisfazer necessidades muito básicas, mas é preciso ter sempre como meta dar às pessoas um horizonte de vida digno, a que têm direito”.

“O único foco” do encontro “são as pessoas sem-abrigo ou em situação de carência e vulnerabilidade social”, a quem se pretende oferecer “calor humano” e “reduzir a exclusão social”, afirmou.

Os dados provisórios da 24.ª Festa que se realizou entre sexta-feira e domingo em instalações cedidas pela Universidade de Lisboa apontam para cerca de três mil convidados, adesão semelhante à de 2011.

O responsável sublinhou que aumentou o número de pessoas que usufruíram das refeições, a frequência de famílias com crianças e o acesso aos serviços colocados à disposição dos convidados, graças ao “ambiente de convívio, mas também de muito acolhimento e afetividade”.

“Quisemos que o encontro proporcionasse um ambiente de festa, mas que conseguisse igualmente responder às necessidades” das pessoas, o que tem de ser feito com muita confiança; neste sentido penso que a iniciativa foi muito positiva”, apontou.

O encontro contou com a colaboração do Exército Português, faculdades de Medicina, Medicina Dentária e Direito da Universidade de Lisboa, Centro Hospitalar Lisboa-Norte, Ordem dos Advogados (distrito de Lisboa) e Alto Comissariado para a Imigração e Diálogo Intercultural.

A Liga dos Combatentes de Lisboa, a Associação para a Cooperação, Intercâmbio e Cultura e as corporações de bombeiros Lisbonenses, Beato e Voluntários de Lisboa também marcaram presença, refere a página da Comunidade Vida e Paz.

“A Festa foi uma comunidade de comunidades: tivemos uma grande cidade, o que permitiu às pessoas aproximarem-se dos serviços e satisfazer o mais possível as suas necessidades”, salientou Henrique Joaquim.

O especialista em Serviço Social elogiou os organismos públicos e empresas privadas que se associaram à iniciativa, bem como os 1200 voluntários que tentaram “cativar” as pessoas a aproximar se dos serviços, vencendo o afastamento causado por resistências pessoais ou iliteracia.

O cabeleireiro e manicura, “fundamentais para a autoestima”, e a possibilidade de obter de imediato o Cartão de Cidadão, graças à cedência de dois técnicos por parte dos Instituto dos Registos e Notariado, foram dos serviços mais requisitados.

O dirigente relatou que assistiu ao caso de uma pessoa “totalmente indocumentada” que entrou na festa como alguém “que do ponto de vista civil não contava” e saiu como “cidadã”, o que lhe vai permitir mais acessibilidade a outros serviços estatais.

O ‘Espaço Aberto ao Diálogo’, onde técnicos e conselheiros receberam os convidados interessados em ingressar no programa de recuperação e mudança de vida da Comunidade Vida e Paz, teve “uma eficácia muito maior do que nos anos anteriores porque se criou uma envolvência acolhedora”, realçou Henrique Joaquim.

RJM

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