Iniciativa, que vai concretizar-se em cartazes e nas redes sociais, surge no âmbito do Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza
Lisboa, 16 out 2023 (Ecclesia) – A Rede Europeia Anti-Pobreza (EAPN) vai lançar uma campanha nacional com testemunhos reais de pessoas em situação de pobreza e exclusão social, a propósito do Dia Internacional para a Erradicação de Pobreza, que se assinala amanhã.
“Em 2023, a EAPN Portugal/Rede Europeia Anti-Pobreza dá continuidade à sua campanha #pobrepovo”, refere a organização, em nota enviada à Agência ECCLESIA.
No último ano, o movimento “visou testemunhar e denunciar a crescente pobreza no país, através de testemunhos aleatoriamente identificados”, e nesta segunda fase da iniciativa apresentam-se “dados reais da realidade portuguesa”.
“Estes dados serão apresentados em cartazes que seguem a lógica da primeira campanha, sendo que agora as frases são assinadas e identificadas com o nome Portugal e o ano presente. Reforça-se, assim, a transversalidade da ideia de povo, através da nossa identidade comum”, adianta o criativo da campanha, Miguel Januário.
Além dos cartazes, a iniciativa, que pretende sensibilizar a sociedade e os poderes políticos, vai apresentar-se noutro formato, sendo oficialmente apresentada amanhã, no XV Fórum Nacional para a Erradicação da Pobreza.
“Paralelamente, a partir de pequenos vídeos que serão publicados nas redes sociais, estes dados serão reforçados com testemunhos reais, gravados em áudios, de situações que remetem para os dados apresentados nos cartazes”, refere Miguel Januário.
Estou a trabalhar a meio tempo, estou numa residência de estudantes e, infelizmente, quando chego ao dia 20, 21, já não tenho dinheiro para fazer face às despesas. A minha sorte, neste momento, é que tenho um filho mais velho que me ajuda bastante. Realmente é muito triste num país como o nosso haver pessoas que estão nesta situação, porque a inflação e o custo de vida sofreram grande aumento e não se consegue fazer face às despesas”.
Segundo a EAPN Portugal, os áudios vão apresentar “relatos dramáticos, mas verídicos, da realidade da pobreza em Portugal”, complementando os cartazes que apresentam “uma imagem direta e crua, monocromática e escura, remetendo para o luto”, semelhante ao ano anterior.
Os cartazes vão ser vistos por todo o país, nos 18 distritos representados pela EAPN Portugal e na Região Autónoma da Madeira.
“Enquanto o grave problema que é a pobreza não estiver resolvido, seremos todos, todo o povo, responsável e pobre porque permite este flagelo e porque fala enquanto sociedade”, alerta Miguel Januário, aludindo ao conceito de povo da campanha.
Para Maria José Vicente, coordenadora nacional da EAPN Portugal, “qualquer uma ou um de nós está a um passo de ser um nome e uma frase”.
“Nós não retiramos as pessoas dessa situação, como não garantimos que amanhã lá não estejam mais, sabendo, com toda a certeza, que amanhã era possível acabar com este drama no país e no mundo”, destacou.
A rede social Instagram, através da conta própria (@pobrepovo), vai ter também um papel na campanha, uma vez que através dela vão ser partilhados os testemunhos e conteúdos relacionados com a iniciativa.
Além disso, vão ser distribuídos sacos de pano, por todo o país, com o mote da campanha.
A campanha da EAPN Portugal e o evento integram a semana em que se assinala o Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza, que a organização começou a celebrar hoje, promovendo até dia 24 mais de 130 iniciativas.
LJ/OC