Solidariedade: D. José Traquina alerta para casos em que paróquias estão a «pagar imposto para fazer caridade»

Presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Solidariedade Humana aponta aos desafios da guerra na Ucrânia e do pós-pandemia

Foto: Agência ECCLESIA/MC

Lisboa, 06 mar 2022 (Ecclesia) – O presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Solidariedade Humana afirmou que há casos em que as paróquias católicas estão a “pagar imposto para fazer caridade”.

“Uma casa que a Igreja tenha ao serviço dos pobres, se não houver um entendimento com os serviços estatais, tem de pagar imposto, assinalou D. José Traquina, convidado da entrevista semanal ECCLESIA/Renascença, emitida e publicada aos domingos.

O bispo de Santarém aludiu, em particular ao chamado “património dos pobres”, que está em nome de muitas paróquias.

“Tem sido difícil convencer as autoridades de que estas devem ser isentas de imposto, porque estão cedidas a famílias pobres. Pagar imposto para se fazer caridade não soa bem”, lamentou.

O responsável católico abordou as consequências da guerra na Ucrânia, que está a provocar a saída de centenas de milhares de refugiados desde 24 de fevereiro, após a invasão russa.

Para D. José Traquina, qualquer solução de acolher várias famílias, “num espaço que não está preparado para elas”, deve ser temporária.

“Há situações de guerra, de conflito, em que são dadas respostas, mas são provisórias, para as pessoas não ficarem na rua. Depois tem de se ajudar a criar respostas mais comuns, de melhor instalação das famílias”, observou.

O presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social e da Mobilidade Humana defende a abertura de corredores humanitários, para que se “possa chegar às pessoas onde elas se encontram”, com os apoios de que precisam.

“A coordenação que estamos a fazer, em termos de Cáritas Portuguesa, é com as duas Cáritas ucranianas – a de rito latino e a de rito greco-católico – e também com a da Moldávia, Roménia, Polónia, para que o nosso apoio lhes possa chegar”, acrescentou.

A Cáritas lançou a 2 de março uma campanha de recolha de fundos para a Ucrânia, que visa ajudar “aos países vizinhos, imediatamente, mas eventualmente para alguns ucranianos em Portugal, também”.

“Perante a necessidade, os portugueses são generosos”, declarou D. José Traquina.

O responsável sublinhou que a Igreja Católica está preocupada com os que passam dificuldades, em Portugal.

“Por muito que se faça na ajuda aos pobres, a sociedade portuguesa não consegue resolver o problema da carência de muitas pessoas”, advertiu.

D. José Traquina lamentou os baixos salários e pede que o Estado reforce a comparticipação das Instituições Sociais.

“As pessoas ganham pouco e as instituições e as empresas não podem pagar mais. Portanto, este equilíbrio tem de ser estudado”, prosseguiu.

Henrique Cunha (Renascença) e Octávio Carmo (Ecclesia)

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