Prioridade às pessoas sobre a economia, pede cardeal Dionigi Tettamanzi
Fátima, Santarém, 14 set 2011 (Ecclesia) – O cardeal italiano Dionigi Tettamanzi apelou hoje em Fátima à “união” da Europa face à crise financeira que atinge países como a Grécia, Portugal ou a própria Itália.
“A União Europeia deve ser verdadeiramente uma união, não privilegiar alguns mas saber olhar para todos, olhar em particular para as situações mais difíceis e mais pobres”, disse o arcebispo emérito de Milão aos jornalistas, após a conferência que proferiu no 27.º Encontro da Pastoral Social, da Igreja Católica, subordinado ao tema «Desenvolvimento local, caridade global».
Este responsável considera que se deve “partir dos últimos para que todos possam estar bem”.
“Se aqueles que estão bem açambarcam tudo e não apenas a sua parte não se consegue seguir em frente, recua-se”, alerta.
Depois de ter apelado a uma “Europa solidária”, o cardeal Tettamanzi afirmou que os “egoísmos” não se limitam às pessoas, mas podem “tocar as próprias nações”, pedindo “passos em frente no que diz respeito à solidariedade”.
O antigo responsável pela diocese milanesa pediu a prevalência de um “ponto de vista humano, de valores mais profundos” sobre a economia, para a resolução da atual crise mundial.
“Esta unidade mais profunda pode ser uma força educativa, também ao nível ligado mais aos problemas económicos, financeiros, ao desenvolvimento das nações”, aponta.
D. Dionigi Tettamanzi referiu ainda que “a Igreja sempre pregou, como necessária para a salvação, a prática de obras de misericórdia”, com “gestos precisos”.
Questionado sobre o risco de a Igreja “substituir o Estado” na sua ação social, o cardeal italiano afirmou que a mesma se limita a concretizar “o mandamento da caridade”, participando nas “dificuldades da sociedade”.
A conferência conclusiva do 27.º Encontro da Pastoral Social, esta quinta-feira, estará a cargo de D. Manuel Linda, bispo auxiliar de Braga, com o tema «De braços levantados para Deus: desenvolvimento e vida espiritual».
LFS/OC