Solidariedade: Comunidade Vida e Paz respeita «identidade religiosa» da pessoa sem-abrigo

Instituição presta serviço de apoio espiritual

Lisboa, 22 jan 2016 (Ecclesia) – O vice-presidente da Comunidade Vida e Paz (CVP) destaca que no serviço à pessoa sem-abrigo têm preocupações ecuménicas porque o que “está sempre no centro é o bem da pessoa” que acolhem “respeitando a sua identidade”.

“O serviço de apoio espiritual tem a ver com esta noção de todos somos seres criados e amados por Deus, podemos dizer que vamos beber a São Justino das sementes do verbo. Temos dentro de nós esta centelha de divino, sagrado, e é a partir daqui que também abordamos as pessoas em situação de sem-abrigo”, começa por explicar o diácono Horácio Felix.

À Agência ECCLESIA, numa entrevista no contexto da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, o vice-presidente da CVP frisa que na abordagem tentam que a pessoa em condição de sem-abrigo tenha “consciência” da sua dimensão sagrada e faça uma “regeneração” baseada neste pressuposto.

“As pessoas em situação de sem-abrigo têm uma fome muito grande de Deus, podem não saber como mas têm essa fome”, destaca.

Neste contexto, o diácono Horácio Felix adiante que aderem “facilmente” às iniciativas propostas pela equipa de Formação para a Espiritualidade e Valores para além de que a dimensão espiritual faz parte do processo terapêutico do modelo de 12 passos, o modelo Minnesota.

“Esta descoberta e esta consciencialização do divino que há em nós faz parte a terapia, é uma área muitas vezes os próprios técnicos têm dificuldade em trabalhar”, revela o entrevistado.

Com uma “raiz sempre cristã”, a Comunidade Vida e Paz, instituição do Patriarcado de Lisboa, tem propostas de espiritualidade que respeitam todas as confissões, desde Missas a celebrações da Palavra, Cursos Alfa anuais e catequese.

Segundo o vice-presidente da CVP, o serviço de catequese “mais do que as fundamentações doutrinais do cristianismo” é direcionado para a descoberta do amor de Deus por cada um e para a “dimensão do perdão e do amor”, porque “o resto vem por acréscimo”.

“Temos pessoas que reconhecidamente não querem fazer este caminho, que nós respeitamos, e temos algumas pessoas de outras confissões, alguns protestantes, que vieram de outros países, muçulmanos que podem fazer as suas orações no quarto”, desenvolve.

O diácono Horácio Felix adianta ainda que, por exemplo, durante o Ramadão, ou quando necessitam, são feitas visitas à mesquita mas os muçulmanos também são convidados a participar nas orações católicas e “muitas vezes participam”.

“Recordo um que queria converter-se ao cristianismo mas tinha a voz do pai que lhe dizia que era má e estava num dilema entre a forma que foi acolhido e a educação que recebeu”, conta.

Com 26 anos de existência, a Comunidade Vida e Paz está todos os dias na rua a apoiar a pessoas em situação de sem-abrigo e, para isso, conta com 600 voluntários que têm uma formação ecuménica.

“Aquilo com que eles se confrontam na rua pode ser muito chocante e têm que estar preparados. Recebem instrumentos e competências para lidarem com a forma de propor a mudança de vida”, salienta o diácono Horácio Felix, afinal neste processo as refeições que alimentam são um “acessório, um meio para chegar à pessoa”.

A entrevista ao vice-presidente da Comunidade Vida e Paz é transmitida hoje a partir das 22h45, no Programa ECCLESIA na Antena 1.

‘Chamados a proclamar as maravilhas do Senhor’, da primeira Carta de São Pedro (1 Pedro 2, 9-10), é o tema da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, que termina este domingo.

SN/CB

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