Solidariedade: «Combate deve ser à pobreza, não aos pobres» – Eugénio Fonseca

Conferência da Comissão Nacional Justiça e Paz acontece hoje em Lisboa e quer sublinhar «dignidade humana» de todos

Lisboa, 09 nov 2015 (Ecclesia) – O presidente da Cáritas Portuguesa disse hoje que os pobres podem estar “privados de meios terceiros” mas não perdem as suas qualidades, havendo uma “norteadora de todas as outras: a dignidade humana”.

“No trabalho com os pobres é esta qualidade que deve nortear as nossas ações: o respeito pela dignidade humana”, assumiu Eugénio Fonseca na abertura da Conferência da Comissão Nacional Justiça e Paz «Com os pobres».

O responsável aludiu ao “perfil” das pessoas que hoje estão em situação de pobreza e lamentou o esforço de tantos para “trabalhar pela pobreza” esquecendo que as ações devem estar em conformidade com a “dignidade das pessoas”: “Devemos lutar contra a pobreza, não contra os pobres”.

“Estamos mais habituados a trabalhar pela pobreza como se estes fossem destituídos dos talentos que o Criador lhes deu, lamentou.

Eugénio Fonseca sublinhou que a “erradicação da pobreza” está ao alcance da humanidade.

“A pobreza não é uma fatalidade. É uma frase feita mas que precisamos repetir. Para a erradicação da pobreza mão basta agirmos nas consequências geradas pela pobreza, temos de agir sistematicamente e estruturalmente nas causas da pobreza”, enfatizou o presidente da Cáritas Portuguesa.

O responsável saudou “novas mentalidades ao serviço do combate à pobreza” recordando a atribuição do Nobel da Economia deste ano, que reconheceu o trabalho do indiano Abhijit Banerjee, da francesa Esther Duflo e do norte-americano Michael Kremer.

A Conferência da CNJP trouxe a Portugal o cardeal D. Juan José Omella, cardeal-arcebispo de Barcelona para falar sobre a opção preferencial pelos pobres da Igreja católica.

«A pobreza: Uma perspetiva económica» vai ser refletida por Joana Duarte Silva (Universidade Católica Portuguesa) e o tema «Migrações, Pobreza e Desenvolvimento» vai ser tratado por Pedro Góis (Universidade de Coimbra).

A atividade da Comissão Nacional Justiça e Paz conta também com testemunhos dos Leigos Para o Desenvolvimento e da Cáritas da Diocese de Beja.

O presidente da CNJP quis recordar alguns apontamentos do Papa Francisco na mensagem para o Dia Mundial dos Pobres, que se assinala no próximo dia 17 de novembro.

“Não podemos esquecer a pobreza na sociedade portuguesa, e a própria Assembleia da República já definiu que a pobreza conduz a violação dos direitos humanos”, afirmou Pedro Vaz Patto.

Para o responsável pela CNJP o combate a pobreza “deve ser desígnio nacional”.

LS

Partilhar:
Scroll to Top