Organização católica pede à comunidade internacional que responda à destruição do território
Jerusalém, 26 mai 2021 (Ecclesia) – A Cáritas Jerusalém, organização da Igreja Católica na Terra Santa, está a auxiliar a população em Gaza, com diversos cuidados médicos, exortando a comunidade internacional a enfrentar as “causas profundas” do conflito israelo-palestino.
“A comunidade internacional deve olhar para a destruição e abordar as causas profundas do conflito”, assinalou a secretária-geral da Cáritas Jerusalém, irmã Bridget Tighe.
A ocupação, a expropriação, os assentamentos e despejos originam “violência, mais guerras e ao ódio entre as pessoas”, lê-se numa nota divulgada pela Cáritas Internacional.
“Um amigo judeu disse-me que tanto os judeus como os palestinos são pessoas traumatizadas. Eles não podem fazer as pazes sem ajuda externa e independente. A ajuda tem de ser independente, tem de ser compreensiva e compassiva para permitir que esses dois povos vivam em paz”, desenvolveu a irmã Bridget Tighe.
Semanas de tensão entre israelitas e palestinianos em Jerusalém Oriental culminaram com confrontos, na Esplanada das Mesquitas, junto ao Muro das Lamentações, no final do Ramadão; em 11 dias de conflito, morreram 240 pessoas, nos ataques a Gaza.
A Cáritas Jerusalém espera que este “terrível conflito” leve ao renascimento de “um verdadeiro processo de paz” e ao levantamento do bloqueio, no contexto do cessar-fogo entre Israel e Hamas, anunciado a 20 de maio.
A secretária-geral da organização católica observou que, com o cessar-fogo, já “é seguro o seu pessoal deixar as suas casas”.
A situação permitiu a reabertura da clínica principal, com médicos, enfermeiras, técnicos de laboratório e farmacêuticos, com tratamentos de doenças crónicas “como diabetes e hipertensão”, os “ferimentos que não precisam de hospitalização” e cuidados de saúde às pessoas que receberam alta do hospital mais cedo.
“Quem vier até nós, nós tratamos”, referiu a irmã Bridget Tighe.
A Cáritas tem “mais de 60 funcionários em Gaza”, prontos para servir as comunidades que “enfrentam luto, lesões físicas, traumas psicológicos”.
A organização católica está a realizar uma avaliação inicial às necessidades imediatas da população, em coordenação com o Ministério da Saúde, e pretende abrir centros de tratamento médico, em cooperação com organizações parceiras de base comunitária (CBO) e com a equipa que vive noutras partes da Faixa de Gaza.
A responsável assinalou também que, nos últimos anos, a Cáritas desenvolveu a capacidade de fornecer “uma variedade de serviços de saúde primária, educação em saúde e nutrição e trauma”, com as equipas médicas móveis e do trabalho em colaboração com as CBO em “áreas remotas e marginalizadas”.
A irmã Bridget Tighe assinalou que os jovens de Gaza, com 20 anos de idade, “passaram por quatro ou cinco conflitos” e alertou para os efeitos desta situação.
“Os jovens não podem sair de Gaza, não podem experimentar um mundo além daquele pequeno pedaço de terra que abriga 2 milhões de pessoas”, observou.
CB/OC