Solidariedade: Cáritas Internacional pede mais apoio aos refugiados Rohingya

«Enquanto as atenções do mundo avançam, o povo Rohingya continua a lutar nestes campos esquecidos», alertou Alistair Dutton, em visita ao Bangladesh

Foto: Caritas Internationalis

Cidade do Vaticano, 11 jun 2024 (Ecclesia) – O secretário-geral da Cáritas Internacional visitou campos de refugiados Rohingya no Bangladesh, onde apelou à comunidade mundial para “fazer mais” por este povo.

“Estou profundamente comovido com a hospitalidade e o apoio duradouro que o governo do Bangladesh tem demonstrado aos refugiados Rohingya nos últimos sete anos. Enquanto as atenções do mundo avançam, o povo Rohingya continua a lutar nestes campos esquecidos, mas não se pode esperar que o governo do Bangladesh os apoie sozinho. Outros países têm de avançar com mais fundos para esta crise”, disse Alistair Dutton, num comunicado enviado à Agência ECCLESIA.

Neste ano de 2024, foi lançado o Plano de Resposta Conjunta para a Crise Humanitária Rohingya, liderado pelas autoridades do Bangladesh, com o objetivo de angariar “852,4 milhões de dólares”.

O plano pretende apoiar “1,35 milhões de pessoas das comunidades Rohingya” e de acolhimento com abrigos seguros, educação, água e saneamento, cuidados médicos, assistência à saúde mental e projetos de infraestruturas e meios de subsistência; em 2023, o financiamento angariou “apenas 65% do plano de resposta”.

A Cáritas Internacional, que se comprometeu a disponibilizar “um apoio adicional de 7 milhões de dólares para 2024”, informa que “o financiamento caiu drasticamente” desde que a crise dos refugiados começou, em 2017, e explica que os fundos globais que apoiam a alimentação dos refugiados foram reduzidos para “11 dólares por pessoa por mês”, enquanto o financiamento para outros setores sofreu uma queda “muito mais significativa e a inflação foi de cerca de 300%”.

O secretário-geral da organização católica acrescenta que não se devem “esquecer o povo Rohingya, nem tomar como garantido o apoio do Governo do Bangladesh”, alertando que as famílias Rohingya, minoria muçulmana que fugiu de Mianmar, estão “entre as pessoas mais vulneráveis do mundo atual, vivendo em terras marginais, sem direito a trabalho”.

“Os adolescentes já passaram metade da sua vida nestes campos. Temos de fazer mais para garantir a sua segurança agora e as suas opções para o futuro”, observou Alistair Dutton.

A Cáritas Internacional, entre 2017 e 2023, disponibilizou “45 milhões de dólares em esforços de emergência” para os Rohingya e para a comunidade de acolhimento em Cox’s Bazar e Bhasanchar, no Bangladesh: “ajudou quase 1,7 milhões de pessoas até à data com assistência abrangente, incluindo apoio a abrigos, proteção, atividades de redução do risco de catástrofes, educação e água, saneamento e higiene”.

Alistair Dutton contabiliza que, “nos últimos seis anos, mais de 200 000 crianças nasceram nos campos”, nunca viram o seu país de origem e não têm nacionalidade, “são apátridas”, por isso, a resposta exige “uma atenção internacional renovada e uma partilha equitativa dos encargos”, e “pressão” sobre Myanmar para que os Rohingya regressem em “segurança e com dignidade”.

No Bangladesh, o secretário-geral da Cáritas International teve vários encontros, por exemplo, em Cox’s Bazar, com funcionários do governo, das Nações Unidas (ONU) e de ONG, na capital do país reuniu com o arcebispo de Daca e com o embaixador do Vaticano, o núncio apostólico, conversou também com o pessoal e com os cidadãos de Myanmar deslocados à força (Forcibly Displaced Myanmar Nationals – FDMN) nos campos para discutir a situação e os desafios atuais.

CB/OC

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Agência ECCLESIA

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