Organização católica denuncia «cumplicidade» da União Europeia e dos EUA
Bruxelas, 20 ago 2024 (Ecclesia) – A confederação internacional da Cáritas denunciou o “aumento dramático” do número de mortes de trabalhadores humanitários, alertando em particular para a situação em Gaza.
“O ano de 2024 está a caminho de ser o ano mais mortífero de que há registo para os trabalhadores humanitários, em especial para os que trabalham nos seus próprios países. Já foram mortos 192 trabalhadores humanitários em 2024, 119 dos quais eram pessoal local, e o ano ainda está longe de terminar”, refere uma nota da organização católica, divulgado esta segunda-feira, Dia Mundial da Ajuda Humanitária.
Em 2022, o número de mortes tinha sido de 118.
“Este aumento dramático do número de mortes de trabalhadores humanitários deve-se, na sua esmagadora maioria, aos que foram mortos em Gaza desde outubro de 2023, num total de pelo menos 274 trabalhadores humanitários nos últimos 10 meses”, refere a nota.
A ‘Caritas Internationalis’ denuncia a “contínua cumplicidade da União Europeia e dos EUA nas violações do Direito Internacional Humanitário”, bem como “a duplicidade de critérios e a crescente politização do apoio humanitário”.
O comunicado recorda, em particular, a morte de dois trabalhadores humanitários nacionais da Cáritas, em Gaza.
“Viola, uma técnica de laboratório de 26 anos, morta com o marido e a filha bebé, e Issam Abedrabbo, um farmacêutico e pai dedicado, de 35 anos, morto com dois dos seus filhos, deixando uma filha órfã. Estas mortes estão longe de ser acidentais”, assinala a organização católica.
A União Europeia e os seus Estados-membros devem desinvestir totalmente no apoio militar a atores que violam o Direito Internacional Humanitário. Sem este desinvestimento, a diplomacia humanitária continuará a ser minada por Estados que, por um lado, condenam as violações do Direito Internacional Humanitário e, por outro, prestam apoio militar e económico às partes que perpetram essas violações”.
A Cáritas apela ainda à “equidade na responsabilização e na cobertura mediática das mortes de trabalhadores humanitários”.
“As mortes de trabalhadores humanitários nacionais recebem muito menos cobertura mediática do que as mortes de trabalhadores humanitários internacionais”, lamenta a nota.
OC