Apelo surge quando se aproxima a data do segundo aniversário do conflito no país africano
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Roma, 18 de fevereiro 2025 (Ecclesia) – A confederação internacional da Cáritas e outras agências humanitárias lançaram um apelo conjunto para pedir o apoio da comunidade internacional às vítimas do conflito no Sudão, que assinala dois anos em abril de 2025.
“As consequências da inação são graves, afetando milhões de vidas. Exortamos a comunidade internacional a intensificar o seu apoio financeiro e a garantir que a ajuda chega aos que dela mais necessitam”, pode ler-se no apelo enviado à Agência ECCLESIA.
A ‘Caritas Internationalis’, a CAFOD, a Act Alliance e a Norwegian Church Aid (Ajuda da Igreja Norueguesa) referem que, para além do financiamento, “é essencial um envolvimento diplomático decisivo para promover uma resolução inclusiva e pacífica do conflito – que garanta que a sociedade civil local, incluindo as organizações lideradas por mulheres, tenha um lugar à mesa”.
Os organismos alertam que à medida que o conflito devastador do Sudão se aproxima do segundo aniversário, a crise humanitária continua a agravar-se, infligindo “um imenso sofrimento a milhões de civis”.
“A insegurança alimentar aguda, as doenças e a violência sexual são generalizadas, com condições de fome confirmadas em várias regiões, incluindo os campos de pessoas deslocadas internamente (PDI) no Darfur do Norte e nos Montes Nuba Ocidentais no Cordofão do Sul”, informam.
O diretor nacional para o Sudão, da Norwegian Church Aid, dá conta que “quase 22 meses após o início do conflito, 11,6 milhões de pessoas foram deslocadas e metade da população – quase 25 milhões – enfrenta uma devastadora escassez de alimentos”.
“Os humanitários na linha da frente desta crise são as comunidades de acolhimento que acolhem os deslocados internos, os grupos de ajuda mútua que prestam socorro, as cozinhas comunitárias que alimentam os deslocados, os grupos religiosos que oferecem abrigo e as ONG nacionais que mobilizam as suas comunidades”, destaca Dirk Hanekom.
Segundo o responsável, os humanitários “estão a fazer um trabalho extraordinário com recursos extremamente limitados, mas sem apoio internacional imediato, esta crise ficará ainda mais fora de controlo”.
“Temos de agir agora para apoiar e aumentar as respostas localizadas”, ressaltou.
As Nações Unidas e parceiros lançaram esta segunda-feira um apelo global de 6 mil milhões de dólares para apoiar 26 milhões de pessoas dentro e fora do Sudão.
“Este apelo da ONU chega num momento crítico. Até agora, mais de 40% do financiamento global para programas que salvam vidas no Sudão vinha dos EUA. Com a interrupção causada pela decisão da administração americana de suspender as operações da USAID (Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional), é urgente que outros governos intervenham”, disse Howard Mollett, Diretor de Política Humanitária da CAFOD.
O apelo termina alertando que “o momento para agir é agora”.
“A comunidade internacional tem de avançar para disponibilizar fundos urgentes, reforçar os esforços diplomáticos e apoiar as equipas locais que continuam a ser a espinha dorsal da resposta humanitária no Sudão”, conclui.
LJ/OC