Solidariedade: Cantinas sociais são positivas mas insuficientes para apoiar os mais pobres, revela relatório da CNIS

Resposta à «pobreza envergonhada» exige «esforço de maior articulação entre todos», salienta padre Lino Maia

Lisboa, 19 jan 2013 (Ecclesia) – As cantinas sociais são uma boa ideia mas revelam-se insuficientes no apoio às pessoas mais pobres, sublinham as conclusões de um inquérito que a Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade (CNIS) enviou às suas associadas.

Ao questionário enviado no último trimestre de 2012 responderam 124 entidades, o que de acordo com dados fornecidos pelo Instituto de Segurança Social, e segundo percentagem apurada pela Agência ECCLESIA, corresponde a 21% das organizações com cantina protocolada com os serviços distritais da Segurança Social.

A “grande maioria” das instituições “considera a cantina social como uma medida que responde de forma ágil e muito positiva a um grupo cada vez maior de pessoas com carências alimentares, minorando o impacto da atual crise económica”, assinala o presidente da CNIS na publicação semanal ‘Notícias à Sexta’.

Alguns organismos notam que esta ajuda “fica aquém na satisfação das necessidades globais das famílias, pois é uma resposta conjuntural e deverá ser enquadrada num programa de apoio global às famílias que sofram privações”, aponta o padre Lino Maia.

“Muitos dos beneficiários não necessitam apenas de apoio alimentar, mas sobretudo de respostas no sentido de garantir que a sua situação social possa ser alterada e com isso garantir a sua autonomia na satisfação das necessidades básicas, reinserção no mercado de trabalho, melhoria das condições habitacionais, elevação dos seus níveis de autoestima”, acrescenta.

A CNIS sustenta que as cantinas sociais devem ser complementadas com estratégias que tenham uma incidência “mais estrutural no seio das famílias”, de forma a promover “a melhoria da sua condição”.

As respostas ao inquérito indicam também preocupação pelo facto de as “pessoas/famílias com novas situações de pobreza” poderem não estar a recorrer aos serviços das cantinas, que abrangem sobretudo os “agregados que já estavam referenciados”.

“Esta preocupação expressa de responder à ‘pobreza envergonhada’ terá de exigir um esforço de maior articulação entre todos os que, pela sua implantação de proximidade, conhecem a realidade e podem referenciar as situações”, acentua o padre Lino Maia.

As instituições receiam ainda “que se esteja a beneficiar, na maioria, as famílias que andam há muitos anos para se reestruturarem, vivendo de apoios”.

O inquérito foi remetido a 207 instituições associadas da CNIS, o que constitui 48% do total de entidades de solidariedade existentes em Portugal com cantinas sociais, de acordo com informações prestadas em outubro pelo Instituto de Segurança Social.

Novos números avançados por este departamento em dezembro declaravam a existência de 595 organizações com refeitório social, das quais 324 (54%) são membros da CNIS, mas o estudo centrou-se nos dados de outubro.

RJM

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Agência ECCLESIA

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