Venda de registos vai reverter para a fundação «Ajuda à Igreja que Sofre».
Lisboa, 12 nov 2023 (Ecclesia) – Maria Antónia Cabral, uma das primeiras mulheres licenciadas em arquitetura em Portugal, inaugurou a 4 de novembro, uma exposição de Registos, em Lisboa, para ajudar os cristãos perseguidos.
“Há tanta coisa que nos faz impressão ver no mundo e tudo o que puder aliviar o sofrimento é bem-vindo”, afirmou a artista, de 97 anos, que decidiu apresentar o trabalho artesanal de arte sacra ao público, no auditório da Junta de Freguesia de Benfica, e reverter a venda para a fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS).
Os registos são objetos populares de arte sacra, habitualmente de imagens de santos, que se guardam numa caixa emoldurada artisticamente e protegida com um vidro.
De acordo com a fundação pontifícia, a arquiteta começou a olhar com atenção para este trabalho artesanal ainda em criança.
“Desde pequena, muito pequena, aprendi as primeiras letras com a minha mãe, e lembro-me que ela já me ensinava a forrar caixinhas e a pôr florzinhas em relevo em cima das tampas das caixas”, revelou Maria Antónia Cabral, que acrescenta que “tinha uns 14 ou 16 anos” quando o interesse pela arte despertou ainda mais ao ver, na Nazaré, os registos com mulheres na praça de peixe.
“Tinham cobertores no chão com os registos e eu ficava encantada a ver aquilo. Eram de uma enorme simplicidade. Depois, muito mais tarde, decidi começar também a fazê-los. Os primeiros, eram muito rudimentares”, explica à AIS.
Apesar de não se considerar artista, mas sim “artesã”, Maria Antónia Cabral já realizou “muitos” registos, considerando ser este um “vício”.
Para a concretização desta arte, confidencia que nunca comprou nada e que fez do desperdício as matérias primas para os seus trabalhos, fazendo uso da oficina de artes gráficas que o marido tinha.
“Uma vez, ia com o meu marido a descer as ramblas e dei com um desses painéis de cartazes, de anúncios e um deles estava com o vidro partido. Era desses vidros que se partem e ficam em pedacinhos. Tirei um lenço da mala e enchi-o com aquilo. O meu marido até perguntou se ia mesmo levar aquilo…. Era uma oportunidade!”, conta a arquiteta.
Maria Antónia Cabral tem seis filhos, 14 netos e bisnetos e é benfeitora da fundação AIS.
A artesã recebe cartas enviadas pela instituição em casa, que ajudam a manter-se informada sobre a realidade dos cristãos que sofrem no mundo.
“Eu vejo isso nos boletins que mandam cá para casa. Lá vêm essas descrições, e isso motiva-me a ajudar no que puder. E agora, tendo ali tantos registos e não tendo um destino para lhes dar, decidi fazer uma exposição e [o valor angariado] vai para a AIS”, concluiu Maria Antónia Cabral, informa a AIS.
LJ/OC